Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2023
O dólar emendou o segundo pregão de queda firme na sessão dessa quarta-feira (12), e rompeu a barreira de R$ 5 no fechamento pela primeira vez desde início de junho de 2022, em dia marcado por perdas da moeda americana no exterior. A divisa fechou o dia cotada em R$ 4,94, em recuo de 1,31%.
Especialistas analisam as razões por trás da queda e tentam projetar oportunidades, indicando se o momento é adequado ou não para investimentos em dólar.
Motivos
Para entender o motivo da queda do dólar, analistas explicam que é preciso olhar tanto para o cenário brasileiro, quanto para o exterior.
Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, lembra das crises bancárias que levaram à falência do SVB e do Signature Bank, que abriram espaço para uma taxa de juros mais baixa do que a prevista inicialmente. “Desde o início de março, observamos que o dólar vem perdendo força em relação a outras moedas internacionais”, aponta.
Por aqui, no entanto, o efeito demorou um pouco mais a surtir. O movimento de desvalorização ante o real teve início apenas no fim do mês passado, com o anúncio do novo arcabouço fiscal. “Apesar de visões mistas, sobretudo no que diz respeito à fonte das receitas, a proposta inicial conseguiu trazer certo alívio ao câmbio”, diz ao Terra.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, concorda sobre a influência do arcabouço fiscal. “O norte sobre a dívida pública e sobre as contas, que deu uma luz sobre os mecanismos de controle para os próximos anos, possibilitou que a taxa de câmbio começasse a cair”, explica.
Outro ponto que pode explicar a queda do dólar foram os dados da prévia da inflação, divulgados pelo IBGE na última terça (11), com valores abaixo da expectativa do mercado. “Ou seja, se a inflação está abaixo do esperado, isso pode sinalizar um eventual ambiente para corte de juros e isso poderia beneficiar a economia brasileira, de modo a atrair mais recursos para investimentos”, explica Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
Voltando o olhar para o cenário externo, com a visão de que a política monetária do Fed (o banco central americano) está surtindo efeito, sendo capaz de reduzir a inflação sem comprometer muito o mercado de trabalho, o mercado vem precificando o dólar em patamares cada vez mais baixos.
“É uma sensibilidade que as coisas estão levemente melhorando nos mercados, tanto nos Estados Unidos, quanto uma possível discussão no Brasil de cortes [de juros]”, diz Gustavo Sung.
Investimento
Segundo o analista Lucas Serra, ainda há a possibilidade que o dólar venha a se desvalorizar ainda mais no curto prazo, à medida que as expectativas do mercado se confirmem e novos dados macroeconômicos sejam divulgados.
Por conta disso, a recomendação mais adequada seria esperar um pouco mais com o objetivo de aproveitar valores menores, ao menos no curto prazo. “Uma outra possibilidade seria montar posições de forma gradativa, no intuito de fazer preços médios, uma vez que a região de R$ 5 já se mostra interessante”, completa Cunha.