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Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2017
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 11, que uma opção militar pode ser adotada para solucionar a crise na Venezuela. “As pessoas estão sofrendo e estão morrendo”, disse Trump. “Temos muitas opções, incluindo a militar, se necessário”.
O governo venezuelano ainda não respondeu às declarações do republicano, mas o presidente Nicolás Maduro frequentemente acusa o governo dos Estados Unidos de tentar derrubá-lo.
Pouco depois da declaração de Trump, o Pentágono informou não ter recebido da Casa Branca qualquer orientação sobre a Venezuela.
A declaração, rara e pouco usual em termos diplomáticos na América Latina, foi dada após o governo americano ter sancionado uma série de autoridades chavistas nas últimas semanas.
Nesta semana, o Departamento do Tesouro anunciou sanções contra oito membros da cúpula chavista, incluindo o irmão do presidente Hugo Chávez (1999-2013), Adán Chávez.
Maduro e seu vice-presidente Tareck el-Aissami também tiveram ativos bloqueados nos Estados Unidos e foram proibidos de entrar no país, assim como outros colaboradores próximos do líder bolivariano, como Delcy Rodríguez e Elias Jaua, e a cúpula do Tribunal Supremo de Justiça.
Com o agravamento da crise política na Venezuela, em abril, que já deixou 125 mortos, Trump aumentou as sanções e ameaçou Caracas com punições econômicas, que poderiam debilitar ainda mais a combalida economia local. A Venezuela vende cerca de 40% do seu petróleo para os EUA.
No final de julho, o chavismo elegeu sob protestos domésticos e da comunidade internacional uma Assembleia Nacional Constituinte em uma votação boicotada pela oposição e desenhada para privilegiar o governo.
Nas primeiras reuniões da Constituinte, os deputados e Maduro adotaram um discurso radical, no qual prometeram punir com até 25 anos de prisão quem propague “ódio” em manifestações de rua e só aceitar a candidatura de opositores a eleições regionais com “bom comportamento”.
A aplicação de sanções econômicas à Venezuela não tinha consenso entre países vizinhos em razão do possível impacto para a população local, que já sofre com altos níveis de escassez de remédios e alimentos e começa a trocar a Venezuela por países fronteiriços, como Colômbia e Brasil. Uma intervenção militar apenas potencializaria esse efeito sobre a população civil.
Retórica. Desde a ascensão do chavismo, em 1999, os governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama evitaram confronto aberto com os bolivarianos, parte por causa da retórica antiamericana chavista, que frequentemente acusa a Casa Branca de “desestabilização” e de patrocinar tentativas de golpe de Estado.
Em 2015, o governo Obama classificou a Venezuela como uma ameaça aos interesses americanos, o que abriu o caminho para a implementação de sanções econômicas contra o chavismo. (AP, REUTERS e AFP)