O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu o tom contra a Rússia nesta quarta-feira (11) e avisou que mísseis “bacanas, novos e inteligentes” estão chegando à Síria. O anúncio da ação militar acontece quatro dias após mais um suposto ataque químico matar dezenas de pessoas na região de Guta Oriental.
A situação é muito tensa na região, já que Moscou dá indícios de que consideraria um ataque aéreo no país como um crime de guerra, o que poderia provocar um choque militar direto. “A Rússia promete derrubar todos e quaisquer mísseis lançados contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque eles estão chegando, bacanas, novos e inteligentes! Vocês não deveriam ser parceiros de um animal que usa gás para matar o seu povo e gosta disso”, afirmou Trump no Twitter, fazendo referência a um ataque ocorrido no sábado (07) atribuído ao governo de Bashar al-Assad, que teria utilizado um gás tóxico.
Logo após a declaração de Trump, o chanceler russo afirmou que os mísseis deveriam estar direcionados para os terroristas, não para um “governo legítimo”. Parlamentares russos já disseram aos Estados Unidos que Moscou veria um ataque aéreo no país como um crime de guerra, dizendo que isso poderia provocar um choque militar direto, de acordo com a Associated Press.
Na manhã desta quarta-feira, o governo russo já tinha feito uma advertência para o perigo de qualquer ação no país que possa “desestabilizar a já frágil situação da região”.
Viagem cancelada
Depois de ameaçar atacar militarmente a Síria, o presidente americano Donald Trump cancelou na terça-feira (10) o seu plano de viajar para a América do Sul no fim desta semana, preferindo ficar nos Estados Unidos para gerenciar a resposta de seu país a um suposto ataque com armas químicas.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse na terça que Trump não participará da 8ª edição da Cúpula das Américas, no Peru, e não viajará para a Colômbia, como planejado, permanecendo nos EUA para “supervisionar a resposta americana à Síria e monitorar o desenrolar dos fatos ao redor do mundo”.
Com a decisão de Trump, pela primeira vez um presidente dos EUA não participará desse encontro de chefes de Estado e governo. O vice-presidente americano, Mike Pence, o substituirá nos compromissos – a Cúpula das Américas começa na sexta-feira (13).
Na segunda-feira (09) o republicano prometeu uma decisão sobre a questão síria até a quarta-feira e afirmou que a Rússia ou qualquer outra nação que fosse responsável pelo provável ataque químico realizado no sábado na cidade síria de Duma “pagaria o preço”.
A Casa Branca rejeitou as insinuações de que os comentários recentes de Trump sobre a retirada de soldados americanos da Síria teriam aberto espaço para o ataque no país, que deixou mais de 40 mortos, incluindo mulheres e crianças.
Questionado se o presidente russo Vladimir Putin tinha alguma responsabilidade sobre o ataque em Duma, Trump disse que “ele poderia ter”. “E, se tiver, será muito difícil, muito difícil. Todo mundo pagará o preço. Ele pagará. Todos pagarão”, disse o presidente americano.
Além do ríspido comentário de Trump sobre o assunto, os militares americanos parecem estar se posicionando para executar uma ordem de ataque. Um destróier da Marinha americana, o USS Donald Cook, está em deslocamento no Mediterrâneo depois de uma parada no porto de Chipre.