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Carlos Roberto Schwartsmann Doutor, o senhor tem que me olhar mais!

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(Foto: Freepik)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

“Doutor o seu consultório não tem computador?!”
Está é uma pergunta que escuto frequentemente.
Respondo: “Acho que ele iria nos ajudar muito pouco. Acho que até pode minar a nossa inicial relação”.
A introdução do computador no exercício da medicina revolucionou o atendimento médico. A computação é um evento tecnológico fantástico que nos auxilia muito. Nos ajuda marcar as consultas, armazenar dados dos pacientes, ver e agendar exames complementares. O uso do prontuário eletrônico é imprescindível, mas ele pode ser usado pela secretária que nos auxilia.
No gerenciamento hospitalar a computação é fundamental pois registra e avalia os custos e os gastos.
Entretanto no consultório o computador altera a dinâmica histórica da consulta. Ele é um novo ator coadjuvante que também merecerá nossa atenção.
Na presença dele haverá uma inevitável diminuição do contato visual com o paciente.
Estudo observacional recente mostrou que alguns médicos dividem o seu tempo de atenção em 50% para o paciente e 50% para a máquina. Escrever no papel também exige um pouco de atenção, mas transfere um sentimento muito mais efetivo do que o mecanizado dedilhar do teclado.
Quando o médico está digitando, ou olhando a tela, ele não consegue ver os olhos do paciente, nem suas expressões faciais que traduzem seu estado emocional. As microexpressões são rápidas e sutis e revelam sentimentos ocultos quase imperceptíveis.
Os pacientes querem que os médicos conversem com eles e não com o computador.
Querem atenção!! Estão procurando auxilio e depositam confiança e esperança no profissional que vai ajudar a resolver o seu problema.
Plutarco, filósofo grego, sugeriu que o olho humano poderia emitir raios invisíveis de energia. Um olhar atento e receptivo é um fermento essencial na construção de uma relação médico-paciente sólida e vigorosa.
O olhar já foi cantado em verso e prosa.
Tom Jobim eternizou a música: “ Este seu olhar quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu não posso acreditar…”!
Tocar, ouvir e olhar são componentes de um atendimento médico mais humanizado que está acima de todas evoluções tecnológicas.
Doutor, o Sr. tem que me olhar mais!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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