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Brasil Duas semanas depois, o que já foi respondido e o que falta esclarecer sobre a tragédia em Brumadinho

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Rompimento de barragem da Vale, em Minas Gerais, deixou mais de 200 mortos, até o momento. (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)

Passadas duas semanas do rompimento da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), as buscas por vítimas da lama de rejeitos de mineração continua, assim como a procura por respostas que expliquem ponto a ponto as razões que levaram ao acidente. Há questões já esclarecidas, mas ainda restam muitas outras a serem apuradas daqui para frente. Veja aqui o que já se sabe e o que falta explicar sobre o acidente.

O que já foi respondido

1) O que exatamente aconteceu com a barragem?

A parede sólida da barragem se liquefez e se transformou na lama responsável por destroçar pessoas e estruturas. A “tsunami” chegou a 80 km/h. Segundo especialistas, a liquefação é um fenômeno previsível, associado ao aumento da infiltração de água e que está na lista de maiores problemas desse tipo de barragem (chamado de “a montante”).Vídeos do momento exato do rompimento , registrados pela própria Vale, mostram como a barreira se transformou completamente em lama em menos de 10 segundos.

2) A Vale sabia que a barragem enfrentava problemas nos equipamentos de medição?

Na investigação sobre a tragédia, a PF (Polícia Federal) teve acesso a trocas de e-mails entre cinco funcionários da Vale e três da TÜV SÜD iniciadas dois dias antes do desastre. A comunicação aconteceu até um dia antes do rompimento da barragem. Nos e-mails, a PF identificou que os próprios funcionários da Vale e os engenheiros da empresa alemã constataram que cinco piezômetros (aparelhos que medem o nível da água e a pressão que ela exerce na estrutura da barragem) não estavam funcionando e também constataram medidas discrepantes nos outros equipamentos de medição.

3) Qual deveria ter sido a atitude da empresa ao tomar conhecimento da falha nos piezômetros?

Medições anômalas e piezômetros que não funcionam significam o infarto de um coração, segundo a analogia do professor Carlos Barreira Martinez, um dos mais respeitados especialistas em barreiras do País. Para ele, a primeira atitude da Vale ao saber da situação deveria ter sido evacuar imediatamente a população da região.

4) O que a Vale pretende fazer pelas vítimas da tragédia?

Antes mesmo de ser cobrada na Justiça pelos sobreviventes e pelas famílias dos mortos de Brumadinho, a Vale anunciou que doaria R$ 100 mil para cada uma delas neste primeiro momento. A empresa fez questão de ressaltar que o valor é referente a uma doação e que não tem relação com futuras indenizações a que seja condenada a pagar.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou que a companhia pretende procurar as famílias para firmar acordos extrajudiciais para o pagamento das indenizações. O objetivo, segundo o executivo, é facilitar e agilizar os pagamentos. Após se reunir com Schvartsman, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também defendeu que a via extrajudicial seria mais rápida neste caso.

O que ainda falta responder

1) Por que a barragem se rompeu?

A investigação sobre as causas do rompimento da barragem ainda não foi concluída, mas já há alguns indícios do que pode ter provocado o acidente. Em junho e em setembro, os laudos técnicos da empresa alemã TÜV SÜD, que atestou a segurança do local, apontaram erosão e problemas de drenagem.

2) Por que as sirenes de alerta não tocaram?

De acordo com o balanço socioambiental e econômico da Vale em 2018, sirenes para alertar sobre possíveis acidentes (entre eles, o rompimento) estavam instaladas em Brumadinho. Além disso, Moradores foram cadastrados e submetidos a um treinamento em junho do ano passado. A estratégia indicada era que, ao ouvirem o sinal sonoro para deixarem suas casas, eles fossem em direção aos pontos mais altos da região. No entanto, o alarme não foi disparado no dia do acidente.

Seis dias após o rompimento, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que as sirenes não foram acionadas devido à velocidade da lama. Segundo o executivo, o rompimento da barragem foi muito rápido, e a sirene “foi engolfada pela quebra da barragem antes que ela pudesse tocar”.

3) Por que a Vale insistiu em manter o refeitório dos funcionários no caminho da lama?

Segundo especialistas, muitas  barragens têm o mesmo tipo de modelo e desenho de Brumadinho, com o refeitório e a área administrativa aos seus pés, porque ficam dentro de áreas industriais que têm espaço bastante limitado.

“Você pode erguer essa estrutura no pé da barragem, desde que não ocorram acidentes”, diz Alberto Sayão, especialista em engenharia geotécnica, professor de engenharia de barragens da PUC-Rio e ex-presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica. No entanto, a companhia deveria  ter levado em conta o estudo que avalia os potenciais impactos da ruptura de uma barragem, chamado de “dam brake”.

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