Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2018
As expectativas são boas: a previsão do governo é fechar 2017, resultado oficial, com um crescimento de 1,1% e alcançar 3% em 2018. Se confirmado, será o melhor desempenho desde 2013, quando a economia cresceu nesse mesmo ritmo. Será o suficiente para tirar o País do buraco? Esse crescimento deve se sustentar pelos anos seguintes?
Retomada do consumo
O resultado positivo do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018 deverá ter como base a melhora do consumo das famílias e o retorno gradual dos investimentos pelas empresas, afirma o economista Luiz Castelli, da consultoria GO Associados.
O consumo das famílias deve ser beneficiado pela inflação mais baixa e pela retomada do mercado de trabalho. Já a queda da taxa básica de juros deve melhorar o quadro dos investimentos – no início de dezembro, o Banco Central reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, para 7% ao ano.
A consultoria projeta que, em 2018, o Brasil vai crescer 3,2%, serão criados 1 milhão de empregos com carteira assinada e a taxa de juros deve chegar a 6,75% já em fevereiro, e permanecer nesse patamar em boa parte do ano.
Recessão
O crescimento de 2018 não deve ser suficiente para recuperar o estrago provocado pela crise econômica, de acordo Simão Silber, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
No auge da recessão, em 2015 e 2016, a economia brasileira encolheu 3,5% em cada ano. Para que o Brasil recupera o patamar de 2014, antes de iniciada a recessão, será preciso esperar até entre 2020 e 2021, segundo Silber.
“Qualquer país do mundo, depois de uma grande recessão, quando tem muita capacidade ociosa, gente para contratar, máquinas que estão subutilizadas, pode crescer bastante”, diz. “Isso não é crescimento econômico. É uma recuperação depois de uma recessão muito profunda.”
A virada será em 2019
Se o crescimento mais acelerado do PIB em 2018 está praticamente assegurado, as incertezas rondam a eleição presidencial deste ano e a dúvida dos economistas já recai sobre 2019. “O divisor de águas é 2019. Não é 2018”, diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
“O meu cenário olhando para o quadro fiscal e expectativa de médio prazo é que nós vamos fazer como sempre fizemos: um pouco aqui, um pouco ali. Então, para 2019, haverá um pouco do efeito do juro baixo, algum crescimento, e sinalização de alguma coisa da Previdência.”
A principal dúvida é se o próximo governo vai dar continuidade à agenda de reformas para assegurar a melhora das contas públicas. Na lista de prioridades está a reforma da Previdência, que vem se arrastando desde 2016.
O governo de Michel Temer tem encontrado bastante resistência dos deputados, inclusive da base aliada, para colocar uma reforma de pé. Sem o apoio necessário, a votação está marcada, por ora, para fevereiro.
Para ele, a melhora das contas públicas passa necessariamente pela reforma da Previdência e é fundamental para que a economia reconquiste a confiança do mercado e consiga manter uma trajetória de crescimento sustentável.