Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 21 de março de 2022
A estimativa para o IPCA, índice de inflação oficial, de 2022 completou dez semanas em disparada no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (21), e reforça um novo ano de descumprimento da meta.
Com o impacto da disparada de preços de commodities (produtos básicos, como o petróleo) provocada pela guerra na Ucrânia, a projeção para o IPCA de 2022 passou de 6,45% para 6,59%, A estimativa estava em 5,56% um mês antes e em 5,03% há 10 semanas.
Banco Central
O objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (BC) este ano é de 3,5%, com tolerância de 2% a 5%. Já a expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 3,7% para 3,75%, acima do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%). A estimativa era de 3,5% há quatro semanas.
A estimativa geral para 2024 ficou estável em 3,15%, enquanto a projeção para 2025 continuou em 3%. Há quatro semanas, as projeções eram de 3,09% e 3,%, respectivamente. A meta para 2024 é de 3%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023.
Diante da volatilidade no mercado de petróleo causado pelo conflito no Leste Europeu, o colegiado ainda criou um cenário alternativo, com maior probabilidade, em que as previsões estariam em 6,3% e 3,1%, respectivamente. O colegiado elevou a Selic (taxa básica de juros) em 1,0 ponto porcentual, para 11,75% ao ano.
Paralisação de servidores
Devido à operação-padrão dos servidores do Banco Central, o relatório da Focus ainda não foi publicado pela instituição. Todos os resultados foram extraídos da consulta ao Sistema Expectativas de Mercado do BC.
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, disse que o atraso na divulgação da Pesquisa Focus nesta segunda foi causado pela operação padrão dos servidores da instituição.
Os funcionários do BC farão uma nova assembleia nesta terça (22), para deliberar sobre uma greve geral. A categoria quer um reajuste salarial de 26,3%, além da reestruturação da carreira de analistas. O sindicato cobra uma reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nos próximos dias. Os servidores também querem que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, envie um ofício ao Ministério da Economia e ao presidente Jair Bolsonaro cobrando o reajuste.
Taxa de juros
Após a reunião da semana passada do Copom do Banco Central, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros neste ano.
A estimativa subiu de 12,75% para 13% ao ano no fim de 2022, conforme o Relatório de Mercado Focus. Há um mês, era de 12,25%. Considerando apenas as respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano continuou em 13%.
No encontro da semana passada, o BC indicou a intenção de novamente elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, de 11,75% para 12,75%. O colegiado pregou “serenidade” neste momento de grande volatilidade dos preços de commodities provocado pela guerra na Ucrânia.
Segundo o BC, “as atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante.”
O colegiado ponderou que se os choques sobre commodities se mostrarem mais persistentes ou maiores, “o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”.
PIB
O Relatório de Mercado Focus divulgado trouxe leve alteração na previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, que passou de 0,49% para 0,5%. Há um mês, a estimativa era de 0,3%.
Considerando apenas as respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 0,52% para 0,53%.
Para 2023, a mediana variou de 1,43% para 1,3%, de 1,5% há quatro semanas. Para 2024, a estimativa seguiu em 2%, mesma projeção de quatro semanas atrás. O Relatório Focus ainda trouxe a mediana para 2025, que também continuou em 2%. Há um mês, a estimativa de crescimento do PIB em 2025 já era de 2%.