Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de novembro de 2025
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nessa segunda-feira (17), pelas redes sociais, que se sente orgulhoso por ter sido transformado em réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita após a repercussão da decisão da Primeira Turma da Corte, que analisou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e deliberou, de forma unânime, pela abertura de ação penal. Segundo o parlamentar, a decisão do tribunal representa, em suas palavras, um motivo de satisfação pessoal, posicionamento que reafirmou em diferentes publicações.
Na última semana, a Primeira Turma do STF havia decidido, por unanimidade, receber a denúncia apresentada pela PGR contra o deputado por suposta obstrução no processo que apura a chamada trama golpista. O caso envolve investigações relacionadas a articulações internacionais que, de acordo com o Ministério Público, teriam o objetivo de influenciar o andamento de processos no Brasil. Relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a votar e defendeu a abertura de ação penal contra Eduardo Bolsonaro. Seu entendimento foi acompanhado pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Carmem Lúcia, consolidando a maioria necessária para o prosseguimento da apuração judicial.
O deputado comentou a situação afirmando: “Ser chamado de réu num país onde esta mesma Suprema Corte, que me processa, solta bandidos é motivo de orgulho”. Na mesma publicação, Eduardo Bolsonaro acrescentou: “E os que celebram esta notícia são pobres de espírito, frutos de sua própria ignorância. Que Deus tenha piedade”. As declarações repercutiram amplamente nas redes sociais e nos meios de comunicação, sendo interpretadas como uma resposta direta ao avanço do processo no STF.
Segundo a denúncia formulada pela PGR, Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Paulo Figueiredo teriam articulado, nos Estados Unidos, a adoção de sanções direcionadas a ministros do STF. No ofício encaminhado ao Supremo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que a campanha buscava pressionar a Corte a não condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro no processo que analisava a tentativa de golpe. O ex-presidente acabou sendo sentenciado pela Primeira Turma a 27 anos e 3 meses de prisão.
Para Gonet, elementos reunidos durante a investigação indicaram que Eduardo Bolsonaro e Figueiredo recorreram a contatos com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para “constranger a atuação jurisdicional” do STF. Com a abertura da ação penal, abre-se também a possibilidade de o Supremo solicitar a extradição do deputado antes mesmo da análise de mérito. Esse pedido, caso venha a ser formulado, poderia ocorrer tanto para eventual cumprimento de pena quanto para assegurar a instrução processual. Os trâmites dependeriam, nesse cenário, da cooperação do governo Trump, que já havia adotado medidas contra ministros do STF, como cancelamento de vistos e imposição de restrições financeiras com base na Lei Magnitsky. (Com informações de O Estado de S. Paulo)