Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2017
No fim da tarde dessa sexta-feira, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília, onde permanecerá pelos próximos dias para depor no processo em que é acusado de cometer desvios no Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Sem algemas, de terno-e-gravata e carregando as próprias malas, ele havia deixado o Complexo Médico Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), no final da manhã.
Por motivos de logística, Cunha foi transportado no mesmo avião da PF (Polícia Federal) que havia levado de Brasília a São Paulo o empresário e delator Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS/Friboi. Após um pedido de seu advogado, o peemedebista conseguiu autorização da Justiça Federal para se deslocar com antecedência para a oitiva, marcada para a próxima sexta-feira. “O objetivo foi possibilitar um maior contato com a defesa técnica, para que ele exerça a sua autodefesa diretamente ao juiz”, justificou o defensor.
De acordo com decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, a permanência temporária em Brasília prosseguirá até o dia 26 de setembro. Escoltado pelos policiais federais, Cunha seguiu à noite para o IML (Instituto Médico Legal), onde passou por exame de corpo de delito. Ele ficará encarcerado no Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil da capital federal. No restante de sua estadia temporária no Distrito Federal, ele deverá permanecer no complexo penitenciário da Papuda.
Embora esteja preso no Paraná devido a uma outra ação envolvendo a Operação Lava-Jato, o processo da próxima semana se refere à denúncia pelos crimes de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional em um inquérito que não envolve a Petrobras.
Além dele, serão ouvidos o doleiro e operador de propinas Lúcio Funaro, o seu ex-sócio Alexandre Margotto, o ex-executivo da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e o também ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que está preso.
Lava-Jato
Um dos homens mais poderosos do País na época em que comandou a Câmara (2015-2016) e um dos protagonistas do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (2011-2016), Eduardo Cunha foi preso em outubro do ano passado e condenado no âmbito da Lava-Jato a 15 anos e quatroi meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Na denúncia oferecida à Justiça Federal, o Ministério Público Federal o acusou de receber propinas milionárias em contratos de obras da Petrobras para exploração de petróleo no Benin, na África. A sentença foi proferida pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da força-tarefa na primeira instância, em março deste ano.