Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2024
Com a maior comunidade estrangeira no país europeu, os brasileiros observam com lupa as eleições legislativas em Portugal.
Foto: ReproduçãoAlto custo de moradia, baixos salários, dificuldade de inserção no mercado de trabalho e preconceito são alguns dos problemas enfrentados pelos brasileiros que vivem em Portugal. Com a maior comunidade estrangeira no país europeu, que conta com cerca de 400 mil pessoas, segundo números oficiais, os brasileiros observam com lupa as eleições legislativas em Portugal, marcadas para este domingo (10).
Depois de oito anos de governo de esquerda, os eleitores do país europeu podem optar por uma guinada para o outro lado, com uma possível vitória da Aliança Democrática (AD), coalizão de partidos da chamada direita tradicional. A legenda Chega, de extrema direita, também deve crescer, segundo as pesquisas de opinião.
Com uma retórica antissistema, o carismático André Ventura, de 41 anos, lidera o partido que se tornou a terceira maior força política do país após as eleições legislativas de 2022. Ventura, um advogado de formação que já quis ser padre, ganhou fama por ter atuado como comentarista de futebol e com declarações inflamadas contra diversas minorias, como a comunidade cigana e imigrantes.
O líder do Chega faz do tema imigração uma de suas principais bandeiras. Segundo Ventura, é necessário limitar a imigração porque o alto fluxo de imigrantes está pressionando o sistema de saúde e o setor da habitação. O político também relacionou o número de imigrantes com um aumento da criminalidade em Portugal, discurso que é contestado por especialistas.
Eleições
Os portugueses irão às urnas por conta da renúncia do primeiro-ministro António Costa em novembro do ano passado, após denúncias de um escândalo de corrupção relacionado a negócios de lítio e hidrogênio no país. O político optou por essa decisão depois de o Ministério Público de Portugal indiciar um de seus ministros e seu chefe de gabinete.
Costa segue como primeiro-ministro interino até as eleições e abriu espaço para uma renovação em sua legenda, com a entrada de Pedro Nuno Santos como líder do Partido Socialista (PS).
Os socialistas estão no poder em Portugal desde 2015. Nas últimas eleições, que foram realizadas em janeiro de 2022, a legenda de esquerda conseguiu uma ampla maioria, conquistando 117 cadeiras de 230 possíveis, sem ter que negociar com os outros partidos, como aconteceu nas eleições de 2015 e 2019.
Para 2024, os portugueses ensaiam sinais de que querem uma mudança. De acordo com uma pesquisa de opinião feita pela Universidade Católica para o jornal português Público, a coligação Aliança Democrática (AD), que inclui o Partido Social Democrata (PSD), legenda de centro-direita, e dois partidos de direita, o CDS-Partido Popular (CDS-PP) e o Partido Popular Monárquico (PPM), tem 32% das intenções de voto. O Partido Socialista está na segunda colocação, com 28%. Já uma outra enquete feita pelo Instituto Universitário de Lisboa para o jornal Expresso e a emissora SIC coloca os socialistas na liderança com 29%, seguidos pela Aliança Democrática que aparece com 27%.