Domingo, 05 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 15 de março de 2024
Em seu depoimento, o ex-comandante do Exército Freire Gomes admite que viu duas versões da minuta do golpe. No depoimento à Polícia Federal (PF), Gomes disse que participou de uma reunião em 7 de dezembro com o então presidente no Palácio da Alvorada em que o assessor de assuntos internacionais Filipe Martins leu a minuta e depois se retirou. Estavam na reunião o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, e o ex- ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. Neste encontro, o presidente Bolsonaro disse que o documento estava em estudo.
Em outro encontro, que ele não recorda a data, Bolsonaro apresentou um documento com a Decretação do Estado de Defesa e a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral, e que ele e o comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, foram contundente a ser colocar contrários ao documento exposto. Já o ex-comandante da Marinha, almirante Garnier, disse que estava à disposição do ex-presidente.
Em outra reunião, Paulo Sérgio Nogueira apresentou um texto ainda mais abrangente do que o apresentado por Bolsonaro.
Em outro trecho, Freire Gomes negou que tenha falado para o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, então comandante do Coter, encontrar o ex-presidente Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Freire disse que ficou desconfortável com o episódio. Theophilo afirmou em depoimento à PF que foi convocado por Freire Gomes para encontrar Bolsonaro.
Sem fraude
Em seu depoimento à PF, o tenente Carlos de Almeida Batista Junior disse que ele, o ex-comandante do Exército Freire Gomes, Bruno Bianco (da AGU), o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o Almirante Garnier, em 1º de novembro de 2022, “expuseram ao então presidente da República, Jair Bolsonaro, que não tinha ocorrido fraudes nas eleições”. Ou seja, até quem participou da tentativa de golpe, caso de Garnier e Paulo Sérgio, sabiam que era um pretexto a conversa de fraude.
O que fica claro do depoimento de Batista Junior é que a decretação do decreto de Garantia da Lei e da Ordem para resolver uma suposta “crise institucional”, contra supostos “exageros de Alexandre Moraes” passou a ser o caminho imaginado por Bolsonaro para o golpe, depois de ficar claro que não houve qualquer fraude nas eleições.
Batista Jr. disse “que em uma das reuniões dos Comandantes das Forças com o então presidente da República, após o segundo turno das eleições, depois de o presidente Jair Bolsonaro aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição (GLO, Estado de Defesa ou Estado de Sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”.