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Porto Alegre De forma inédita no Brasil, pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre mapeia a saúde cardíaca de jogadores de futebol

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Estudo identificou anomalias nos exames de 3% dos atletas. (Foto: Freepik)

Um estudo inédito no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) mapeou a saúde cardíaca dos jogadores de futebol do Brasil, inclusive detectando diferenças com base em critérios raciais. Foram analisados ​​exames de 6.125 atletas de 15 a 35 anos e que atuam em um total de 82 clubes profissionais de 56 cidades e 18 Estados nas cinco Regiões do Brasil.

Intitulada “Avaliação do Eletrocardiograma do Jogador de Futebol Brasileiro: um Estudo Observacional Multicêntrico”, a pesquisa foi publicada em artigo científico na revista British Journal of Sports Medicine, uma das mais prestigiada do segmento no mundo.

O orientador é o professor e médico do Serviço de Fisiatria e Reabilitação do HCPA, Ricardo Stein. Já o primeiro autor é Filipe Ferrari, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do HCPA.

A avaliação cardiovascular foi realizada no período 2002-2023. Participaram todos os clubes da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro do ano passado e quase todos das séries B, C e D. Nesta etapa, foram estudados apenas indivíduos do sexo masculino. O mesmo estudo começou a ser feito com as mulheres do esporte profissional no País – até agora, são 600 exames de jogadoras de 17 clubes.

Constatação

Um grupo de 180 atletas (3%) apresentou eletrocardiograma (ECG) anormal. Destes, 75 apresentaram inversão da chamada “onda T ínfero-lateral” – linha que representa o movimento da fase em que o coração se prepara para uma nova contração. Alterações nessa onda podem sugerir condições cardíacas patológicas capazes de levar a morte súbita.

Posteriormente, os pesquisadores analisaram os ecocardiogramas transtorácicos (ECOs) dos 180 atletas com ECG anormal. Dentre os 75 jogadores com inversão da onda T ínfero-lateral, 71 apresentaram ECO normal, apesar da detecção da inversão da onda T. Destes, 15 foram submetidos à ressonância magnética cardíaca (RMC), que detectou doenças cardíacas em quatro deles.

A partir deste resultado, os pesquisadores sugerem que a RMC é necessária para avaliar adequadamente jogadores de futebol brasileiros com inversão da onda T ínfero-lateral no ECG, mesmo se o ECO estiver dentro da normalidade.

Finalmente, apenas quatro jogadores de toda a amostra apresentaram anormalidades no ECO, os quais também apresentaram inversão da onda T ínfero-lateral no ECG. Um deles foi diagnosticado com insuficiência aórtica grave (doença de uma das válvulas do coração). Os três restantes passaram por novas avaliações com RMC e dois foram diagnosticados com patologias cardíacas. O HCPA não detalhou qual a reação por parte dos clubes aos quais estes atletas estão vinculados ou se alguma medida foi tomada para salvaguardar suas vidas.

“A RMC é recomendada como padrão-ouro desde 2017 para avaliação de atletas com inversão da onda T lateral ou ínfero-lateral, de acordo com os critérios internacionais para interpretação do ECG do atleta, mas não é rotina no Brasil. Apenas os grandes clubes a realizam, mas nem sempre. Como consequência, podemos ter um número subestimado de casos de doenças cardíacas entre os jogadores”.

Comparação racial

A pesquisa também fez um recorte por raça. Das amostras analisadas, foram 2.496 de homens brancos, 2.004 de pardos e 1.625 de negros, o que permitiu a constatação de diferenças entre os atletas conforme a etnia.

Os jogadores negros tiveram maior prevalência de inversão da onda T, comparados aos brancos e pardos. Esta alteração também foi mais frequente em atletas negros de Gana (África), Reino Unido e França, onde trabalhos semelhantes foram desenvolvidos.

“Devido à crescente importância da etnia como potencial determinante de alterações cardiovasculares em atletas, torna-se crucial investigar e compreender os padrões eletrocardiográficos entre atletas brasileiros de diversas origens étnicas, especialmente os pardos, um grupo que não contemplado nas diretrizes para interpretação do ECG do atleta”, explica um dos autores do estudo, Filipe Ferrari.

(Marcello Campos)

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