Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de janeiro de 2019
Recentemente, um perfil no Twitter divulgou mensagens afirmando que a Justiça havia proibido a fabricação e venda do chiclete Trident, porque o produto contém aspartame, que causaria mal de Alzheimer. “Foi impetrada liminar proibindo a produção e comercialização do produto, até que o aspartame seja retirado da fórmula, consequentemente, do processo de produção.”
A informação é falsa: nunca houve proibição de produção do Trident. A conta responsável pelos posts é uma paródia do perfil do STF, chamada STF oficianal. Apesar de fazer a ressalva de que é um perfil satírico, alguns posts da conta usam linguagem formal semelhante à da corte judicial e acabam confundindo usuários, que compartilham textos por Twitter, Facebook e WhatsApp como se fossem sérios.
O Trident entrou na mira do perfil satírico após usar a polêmica “rosa e azul” como marketing – a ministra Damares Alves, do ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, havia aparecido em um vídeo comemorando “uma nova era no Brasil, na qual menino veste azul e menina veste rosa”.
A conta satírica do STF faz parte de uma ampla rede de perfis de paródia que surgiram nas últimas semanas e usam um “emoji” de ciclone, semelhante ao utilizado pelas contas verificadas pelo Twitter. O nome: “Central da Imprensa Sátira do Brasil”.
Há desde perfis de veículos de imprensa e jornalistas como Míriam Leitão, Andreia Sadi, Alexandre Garcia, Reinaldo Azevedo, Mônica Bergamo e Patricia Campos Mello, da Folha, até contas paródia do presidente Jair Bolsonaro.
“Após esclarecimentos no canal SBT, o ex assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro PSL-RJ, o sr. Fabrício Queiroz, foi absolvido pelo ministério público. Segundo o MP, todas as acusações foram desmentidas em horário nobre. ‘Bastante convincente’. Alegou o procurador Dallagnol”, dizia um dos posts recentes da conta paródia do STF.
Os perfis de paródia são alvo de crítica nas redes. “Os papagaios da Nova Era estão criando contas falsas de veículos de imprensa e jornalistas. Trocam uma letra do nome e colocam um emoji ciclone para imitar uma conta verificada. O que poderia ser somente uma sátira virou mais uma estratégia de desinformação a serviço do governo”, diz Guilherme Casarões, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). Os comentários dele refletem sua opinião pessoal, e não a visão da instituição.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, usou a rede para desmentir uma informação que estava sendo veiculada por um dos perfis paródia da jornalista Mônica Bergamo. “O PT entrou com uma liminar pedindo anulação do projeto de Bolsonaro com Israel para acabar com a seca no nordeste; a seca no Nordeste é cultural, quase um patrimônio, e não deve ser destruída”, dizia o post atribuído a Gleisi.
Mônica Bergamo também fez um alerta: “Páginas com minha foto, nome e marca quase idêntica à da ‘Folha de São Paulo’ têm sido criadas, retiradas do ar pelo Twitter e recriadas de novo. Tentam usar a credibilidade de nosso trabalho jornalístico para enganar as pessoas. Dizem ser paródia quando na verdade disseminam infos falsas”.
Já o Twitter informa que não monitora conteúdo dos usuários e não remove, nem edita, exceto quando há violação dos termos de serviço. A rede lista exigências a contas de paródia: a biografia deve indicar claramente que o usuário não é afiliado ao assunto da conta, incorporando uma palavra como “paródia,” “falso/fake,” ou “fã. E isso deve ser feito de forma que seja entendido pelo público.
Usuários que acreditem ser alvos de falsa identidade podem fazer denúncias à rede. Segundo o Twitter, diversas contas foram suspensas. As contas de paródia alegam que se trata de censura.