Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2025
Presente no Vaticano para as cerimônias de despedida do papa Francisco, o presidente argentino Javier Milei garantiu ter pedido desculpas ao pontífice pelas críticas ofensivas que havia dirigido ao pontífice e compatriota. “Em resposta, ele me disse para não ‘esquentar’, que eram erros de juventude”, disse o polêmico governante. A conversa teria ocorrido durante o primeiro e único encontro entre os dois, em 12 de fevereiro do ano passado.
Milei já chamou Francisco de “imbecil”, por exemplo. Disse, ainda, que o líder da Igreja Católica tinha “afinidade com comunistas assassinos” e que “violava os Dez Mandamentos ao defender a justiça social”. O mesmo Milei que convidou o papa a visitar o país – em vão.
As informações são do jornal argentino “Clarín”. Conforme o diário, as críticas de Milei a Francisco voltaram a repercutir nos últimos dias, após a morte do pontífice na segunda-feira (21). Enquanto o presidente argentino expressava condolências em Roma, usuários da rede social X resgataram declarações antigas em que ele chamava Francisco de “representante do maligno na Terra”.
Milei também falou das críticas que vinha recebendo quando chegou a Roma, na sexta-feira (25), para o funeral de Francisco. Em seguida, lamentou a morte de Jorge Bergoglio (nome de batismo do religioso argentino antes do papado):
“É uma perda enorme para os argentinos. Algo fizemos de errado porque ele nunca quis vir à Argentina. A perda de um ser humano sempre é dolorosíssima. É doloroso que tenha partido o argentino mais importante da história”.
Durante o encontro do ano passado, Milei se curvou para cumprimentar e abraçar seu compatriota e sumo pontífice na Basílica de São Pedro, no final da missa de canonização da beata Maria Antonia de Paz y Figueroa, conhecida como Mama Antula (1730-1799), primeira santa argentina.
Ao longo de sua trajetória, Milei criticou Francisco por defender que o Estado deveria ter um papel social — ideia que contraria a visão ultraliberal do presidente argentino.
Presenças ilustres
Durante o funeral do pontífice, Milei ficou posicionado na primeira cadeira da primeira fila, ao lado de sua irmã e secretária-geral da Presidência argentina, Karina Milei, e do presidente italiano Sergio Mattarella, com sua filha. Na fileira logo atrás de Milei ficou a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
Depois de Itália e Argentina, foram acomodadas as famílias reais. Dentre elas, o rei Felipe e a rainha Letízia, da Espanha, o rei Philippe e a rainha Mathilde, da Bélgica, além de monarcas de Mônaco, Noruega, Suécia, entre outros.
O rei Charles 3º, que está sob tratamento de um câncer e se encontrou com Francisco poucos dias antes da morte do pontífice, foi representado pelo filho, o príncipe William.
Depois, segundo o protocolo da missa fúnebre, foram acomodadas as delegações internacionais por ordem alfabética em francês. Isso porque, assim como nos Jogos Olímpicos, o francês é considerado o idioma da diplomacia. Também é um idioma de trabalho em organizações internacionais como a ONU e União Europeia.
Donald Trump e Melania Trump sentaram-se na frente, uma vez que os EUA não foram considerados como “United States of America”, mas como “États-Unis d’Amérique”. Ficaram a uma cadeira de Emmanuel Macron, da França, e da primeira-dama Brigitte Macron.
Na primeira fila ficou também o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e sua esposa Olena Zelenska. Eles sentaram-se próximos à presidente da Índia, Draupadi Murmu e ao presidente da Hungria, Tamas Sulyok.
A aproximadamente 15 cadeiras de Trump, ainda na primeira fila, sentaram-se o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.
Nos assentos mais centrais do espaço reservado às autoridades na missa ficaram Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, e Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Francisco/Jorge morreu sob uma relação mal resolvida com sua terra. Em entrevista ao jornalista argentino Nelson Castro, para o livro “La Salud de los Papas” (“a saúde dos papas”, em espanhol), publicado em 2021, foi taxativo: “Morrerei como papa, em atividade ou emérito. Em Roma. À Argentina não volto mais, não tenho saudades. Lá vivi 76 anos. O que me aflige são seus problemas”. (com informações do portal Terra)