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Política Embora inimigos, PSOL e Partido Novo convergem em votações no Congresso

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Os partidos tiveram o mesmo posicionamento unânime em suas respectivas bancadas em pelo menos quatro ocasiões. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Em campos opostos no espectro político, o PSOL e o Novo têm histórico de votação consonante nesta legislatura na Câmara dos Deputados. Os partidos tiveram o mesmo posicionamento unânime em suas respectivas bancadas em pelo menos quatro ocasiões, saindo derrotados, juntos, em todas elas.

Especialistas apontam que a convergência entre as siglas é resultado de agendas programáticas que, a despeito da distância ideológica, contam com pontos de interseção como a visão sobre regras eleitorais e a defesa de transparência na gestão de recursos públicos. Além disso, a confluência também é favorecida pela pouca representatividade das duas legendas — o PSOL soma 13 deputados federais, enquanto o Novo possui quatro.

Na semana retrasada, os dois partidos foram os únicos a se posicionar integralmente contra as novas regras de distribuição de emendas parlamentares, aprovadas pela Câmara com uma redação que não contempla integralmente as determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), ao abrir brecha para omissão da autoria das indicações. O cenário se repetiu em votações sobre a PEC do corte de gastos e no projeto que anistia partidos de multas por descumprimento do repasse de verbas a candidaturas negras.

Na apreciação sobre a minirreforma eleitoral, as siglas se juntaram à Rede, cujo único deputado também votou contrariamente à proposta que flexibilizou normas sobre a prestação de contas partidária. PSOL e Novo também foram vozes quase solitárias ao contrapor requerimentos de urgência apresentados sucessivamente pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para agilizar tramitações de temas considerados prioritários.

“O partido Novo vota contra tudo que vem do governo. Já o PSOL vota a favor do Planalto na maioria dos casos, mas destoa nas pautas de políticas de ajuste fiscal. Ambos os partidos acabam coincidindo na questão da dinâmica do Congresso, não topando a pactuação com o Centrão”, aponta o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Josué Medeiros.

No caso da PEC do corte de gastos, por exemplo, as motivações apresentadas por cada sigla para o próprio posicionamento foram quase diametralmente opostas. Enquanto o PSOL foi contrário à medida por entender que ela reduziria a capacidade de investimento por parte do governo federal, o que poderia impactar nos recursos repassados a políticas sociais, o Novo se opôs ao arcabouço fiscal proposto pela gestão Lula por avaliar que ele elevaria os gastos públicos.

Para o cientista político Bruno Bolognesi, professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o tamanho reduzido das bancadas de ambas as siglas permite que os parlamentares de Novo e PSOL optem por votações “midiáticas” e ideológicas. O especialista destaca ainda que os dois partidos “desfrutam de uma autonomia que as siglas grandes não têm”, por conta de negociações por espaços no governo federal ou por emendas.

“PSOL e Novo são partidos com agendas ideológicas e programáticas. Isso, em alguma medida, coloca ambas as siglas no espectro de legendas liberais, ainda que o de esquerda seja muito estatizante e o de direita defensor da livre economia. Os dois também defendem, em tese, a individualidade da pessoa do ponto de vista moral, o que gera um pequeno ponto de contato que leva ao encontro de posições em algumas votações”, opina Bolognesi.

“Nada aproxima”

Líder do PSOL na Câmara, a deputada Talíria Petrone (RJ) afirma que “nada aproxima” a legenda do Novo, pelas diferentes perspectivas de progresso econômico e pelo que chama de “não compromisso com a democracia” da sigla à direita.

“O Novo defende o mercado financeiro e os poucos bilionários brasileiros, enquanto o PSOL atua pelos trabalhadores. O Novo quer o Estado Mínimo e amarrar as possibilidades de a gestão Lula governar. Se houve votações em que tivemos a mesma orientação, certamente os motivos foram diferentes. Não estamos do mesmo lado”, aponta Talíria.

Já a deputada Adriana Ventura (SP), líder do Novo na Casa, defende que a sigla é um “partido de oposição que não se furta a defender os interesses do povo brasileiro” e que, por não ocupar cargos no governo, “goza de independência para se opor às pautas ruins e para apoiar as positivas”.

“Ao decidir o voto sobre as matérias discutidas, levamos em conta os princípios liberais defendidos pelo partido e os princípios constitucionais da República brasileira. Não nos importa como os demais partidos votam. Somos fiéis às nossas bandeiras e aos nossos eleitores”, afirma Ventura.

Os dois partidos também são os únicos da Câmara com mulheres ocupando a liderança. Considerando todos os postos similares na Casa, elas só ganham a companhia da deputada Caroline de Toni (PL-SC), que atua como líder da Minoria.

A consonância entre as duas siglas não se repete em outros temas. Na votação sobre o marco temporal para delimitação de terras indígenas, por exemplo, o Novo votou integralmente a favor, enquanto o PSOL foi derrotado ao se posicionar, também inteiramente, contra a proposta. Quando a Câmara deliberou sobre a Reforma Tributária, ocorreu o oposto: todos os parlamentares do Novo estiveram no grupo superado pelos favoráveis às mudanças nos impostos. Já entre os psolistas, foram oito votos a favor, duas abstenções e três ausências. (Com informações do jornal O Globo)

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https://www.osul.com.br/embora-inimigos-psol-e-partido-novo-convergem-em-votacoes-no-congresso/ Embora inimigos, PSOL e Partido Novo convergem em votações no Congresso 2025-03-24
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