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Mundo Empregados da empresa estatal venezuelana de petróleo estão fugindo do país e ladrões aproveitam para saquear a companhia

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Cada vez mais, a Venezuela produz menos petróleo. (Foto: Divulgação)

Milhares de trabalhadores vêm fugindo da PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana, abandonando empregos antes cobiçados que hoje não têm valor. No vácuo, criminosos roubam equipamentos, veículos, bombas, fios de cobre, levando tudo para conseguir dinheiro. A sangria paralisa ainda mais a companhia e agrava a crise do chavismo. As informações são do jornal norte-americano The New York Times.

O momento não poderia ser pior para o presidente Nicolás Maduro, reeleito em maio em uma eleição contestada. Embora ele ainda mantenha um controle firme sobre o país, a Venezuela está em uma situação desesperadora, às voltas com hiperinflação, fome generalizada, luta política, escassez de remédios e êxodo de um milhão de pessoas.

Para encontrar uma saída, a chave é o petróleo, única fonte de moeda forte. Mas, cada vez mais, a Venezuela produz menos. A direção da estatal vem esvaziando, a mão de obra está pela metade e materiais essenciais desapareceram. Tudo isso se soma a escândalos de corrupção e dívidas exorbitantes.

Carlos Navas, 37 anos, fazia parte de uma equipe de perfuração em El Tigre. Tinha casa com ar-condicionado e um carro. Jamais imaginou que um dia não teria dinheiro para comprar comida. Ele deixou o emprego no ano passado porque não conseguia viver com seu salário. “Antes, você trabalhava e era rico. Hoje, o salário não dá nem para comprar comida”, disse.

A inflação na Venezuela deve chegar a 13.800% este ano, segundo o FMI. Quando o The New York Times entrevistou Navas, em maio, o salário mensal de um trabalhador mal dava para comprar um frango inteiro ou 900 gramas de carne. Com os preços subindo rapidamente, hoje dá para muito menos.

A produção da estatal está no seu menor patamar em 30 anos. A PDVSA e o governo deixaram de pagar títulos de dívida e não amortizam os juros desde o fim do ano passado. A China recusou-se e realizar mais empréstimos em troca de pagamentos futuros em petróleo.

Nas últimas semanas, os tribunais decidiram que a ConocoPhillips, empresa de petróleo americana, poderá confiscar carregamentos venezuelanos em refinarias e terminais do Caribe. A medida foi decorrente da decisão da Venezuela de nacionalizar todos os ativos estrangeiros no setor do petróleo.

No plano interno, o país enfrenta tantos problemas nas refinarias que precisa importar gasolina, gastando dólares que não tem. Maduro ordenou a prisão de dezenas de executivos da estatal, incluindo o ex-presidente da PDVSA, alegando um combate contra a corrupção.

As medidas têm as marcas de uma batalha pelo controle do acesso às receitas do petróleo. Em novembro, ele colocou o general da Guarda Nacional, Manuel Quevedo, sem nenhuma experiência no setor, para comandar a empresa. No mês passado, Maduro afirmou que a produção deste ano precisa crescer em um milhão de barris diários, o que é praticamente impossível, sugerindo que poderá conseguir investimentos de Rússia e China. Na região de El Tigre, muitas operações são realizadas pela estatal em joint ventures com empresas estrangeiras.

Executivos da PDVSA apontam para a dificuldade de trabalhar na Venezuela. “As pessoas estão passando fome”, disse Eldar Saetre, diretor da Equinor, companhia norueguesa parceira da estatal. Entrevistas com trabalhadores revelam indignação. Muitos disseram que a estatal vem decaindo há anos, mas que a deterioração acelerou. “A PDVSA era uma taça de ouro. Hoje é um copo de plástico”, disse um deles.

Os trabalhadores afirmam que o seguro saúde vitalício hoje não vale nada, porque a companhia deixou de pagar as clínicas particulares. Às vezes não há almoço porque os provedores não são pagos. E agora há o roubo de equipamentos. Em várias estações de bombeamento e tanques de armazenamento os ladrões destruíram instalações elétricas para retirar cabos de cobre. Em um local, nove transformadores foram retirados de postes, inutilizando sistemas vitais.

Cercas derrubadas e portões abertos deixam as instalações sem proteção. Segundo um empregado, uma unidade da Guarda Nacional, encarregada de patrulhar a área, deixou de operar durante meses porque seu carro quebrou e não havia peças para consertá-lo.

Os trabalhadores não sabem quem está por trás dos roubos. Poderiam ser gangues criminosas, mas para desmantelar sistemas elétricos é preciso ter o conhecimento que operários e ex-funcionários possuem. Segundo Ali Moshiri, ex-executivo da Chevron, roubos em campos de petróleo na Venezuela ocorrem há 20 anos. “Eles roubam as peças, fundem e vendem”, disse. “As pessoas estão desesperadas. Elas vendem o cobre roubado para alimentar a família.”

Em El Tigre, a produção caiu e novas perfurações estão paralisadas por falta de equipamento. Segundo um supervisor, seus funcionários estão fugindo para EUA, Peru, Equador, Brasil, Colômbia e Espanha. Muitos abandonam o emprego sem avisar. Na maior parte das vezes, não são substituídos. E, quando são, os novos empregados têm pouca ou nenhuma experiência.

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