Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2016
Em sua delação premiada, o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto relatou que uma empresa de Eike Batista pagou propina a ele e ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para obter recursos do fundo de investimentos do FGTS. Cleto era integrante do conselho do FI-FGTS e opinava nas liberações dos recursos para empresas. Sua delação premiada foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) há duas semanas e está sob sigilo. Os citados negam envolvimento com irregularidades.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a delação aponta pagamento de propina para uma aquisição de debêntures de R$ 750 milhões da empresa LLX, braço de logística do grupo de Eike, que já foi considerado o homem mais rico do Brasil. As debêntures da LLX, que são uma espécie de título de dívida, foram adquiridas pelo fundo de investimentos do FGTS em 2012. Depois disso, o FI-FGTS liberou recursos para a construção de um porto, à época um dos megaprojetos de Eike.
Em sua delação, Cleto afirmou que a liberação desses recursos envolveu o pagamento de propina pela empresa, mas não disse ter tratado diretamente com Eike sobre o assunto. Cleto detalhou ter recebido ao menos R$ 240 mil da LLX e afirmou que Cunha também recebeu propina, mas sem detalhar os repasses ao peemedebista por não ter participado da operacionalização do pagamento. Segundo o ex-vice-presidente, o operador de Cunha era o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, aliado do peemedebista.
A cobrança dos valores, de acordo com Cleto, era feita diretamente por Cunha. Segundo seu relato, Cleto só se reunia com integrantes das empresas para tratar de questões técnicas sobre o projeto e a deliberação no FI-FGTS, mas não conversava com eles sobre pagamentos. O ex-dirigente da Caixa também relatou que a maior parte da propina recebida por ele nessas operações ocorria por meio de contas no exterior, como no Uruguai.
Cleto buscou os investigadores da Operação Lava-Jato para negociar uma delação premiada depois de ter sido alvo de mandados de busca e apreensão em dezembro, sob suspeita de envolvimento em irregularidades no FI-FGTS. Seus depoimentos detalham cerca de dez operações de liberação de recursos do FI-FGTS que ocorreram mediante o pagamento de propina a ele e a Cunha.
Cleto era afilhado político de Cunha em uma das vice-presidências da Caixa. Ele conta que, com o pagamento da propina, partia para o convencimento dos demais integrantes do conselho do FI-FGTS em favor da aprovação dos projetos.