Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2021
O encontro entre o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-ministro Sérgio Moro na última quarta-feira (8) em São Paulo acabou tendo um efeito reverso ao pretendido. Em vez de se aproximarem, o encontro acabou afastando os dois.
Segundo assessores dos dois candidatos, a conversa foi fria e protocolar. Falaram brevemente sobre um projeto para o Brasil, mas sem explicitá-lo. Mencionaram desemprego e pobreza, mas também sem maiores aprofundamentos. Não houve acerto de um novo encontro nem um acordo sobre critérios para afunilamento de nomes, tampouco discussão sobre um dos dois ceder a cabeça de chapa para o outro.
Do lado de Moro, a avaliação foi a de que o encontro serviu para mostrar não haver a intimidade que se imagina entre ambos e que ele não pretende abrir mão de sua candidatura em nome de um projeto único de terceira via.
Já do lado de Doria, houve incômodo com a falta de sinais claros de uma aliança e com o formato de encontro. O governador de São Paulo precisou ir até a residência de Renata Abreu, deputada federal e presidente do Podemos, partido de Moro. Levou a tiracolo o vice Rodrigo Garcia. Além disso, o encontro foi divulgado antes pela assessoria de Moro.
Chapa única
Aliados de ambos negam que eles tenham conversado sobre a negociação de uma chapa única. O ex-juiz foi o primeiro presidenciável com quem Doria se encontrou após vencer as prévias do PSDB, no dia 27 de novembro.
Segundo interlocutores de Moro, embora não tenha sido tratada, a possibilidade de chapa única tem sido ventilada por tucanos como Bruno Araújo, presidente da sigla, que declarou que o ex-juiz seria um “grande vice” para Doria. Os dois, no entanto, alegam ainda ser “cedo” para qualquer definição.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Doria disse que o encontro “foi positivo”. Moro afirmou que tem ampliado as conversas com diversas lideranças. Ele também se encontrou com Luiz Felipe d’Avila, pré-candidato do Novo. “É preciso construir para o Brasil um projeto equilibrado”, disse o ex-ministro em nota.
Em almoço com empresários do setor de energia renovável e integrantes do Judiciário organizado pelo advogado Otto Gübel, Renata Abreu afirmou que Moro tem “desprendimento” e apoiaria outro nome com mais chances de vencer Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), inclusive o próprio Doria, e espera que a recíproca seja verdadeira. No entanto, ela ressalta que o ex-juiz é hoje o mais bem colocado nas pesquisas.
“A entrada dele ocupou a melhor via. Não consigo ver nenhum outro candidato entrando nesse campo”, disse a deputada. No almoço com empresários, Moro disse que as outras alternativas para 2022 têm avaliações que variam de “ruim a trágico”.
“Nosso projeto é consistente, equilibrado, fundado não só em técnica e diálogo com setores e com a sociedade, mas também com o mundo político, sem abdicar de princípios e valores”, disse ele, em alusão às negociações de Bolsonaro com o Centrão. As informações são da CNN e do jornal O Globo.