Sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2025
Para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro é uma tentativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de levar seu pai à morte antes das eleições de 2026 e forçar um candidato a presidente sem o sobrenome da família.
O parlamentar, tornado réu no Supremo por coação no curso do processo, vê o cerco se fechar contra si e diz que a conjuntura atual torna “inviável” seu retorno ao Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao Estadão.
O ex-presidente começou a cumprir a sentença de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ele continua em uma cela especial na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília, onde está desde sábado (22), quando passou a cumprir prisão preventiva após violar a tornozeleira eletrônica.
Eduardo diverge do que foi decidido pelo seu partido, o PL, na segunda-feira, (24). O encontro na sede da legenda reuniu cerca de 50 parlamentares, teve o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ungido como porta-voz do pai e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro cobrando que os correligionários parem de lavar roupa suja em público.
Para Eduardo, no entanto, “sempre haverá confusão” sobre quem fala por Bolsonaro enquanto ele estiver preso, e é preciso reagir publicamente a atritos públicos entre bolsonaristas. O deputado também diz que não deve nada ao PL, ao defender sua atuação em solo americano.
1) O senador Flávio foi anunciado como porta-voz do presidente Bolsonaro nessa reunião. Isso foi alinhado com o sr.?
Enquanto durar a prisão do Bolsonaro, sempre vai haver essa confusão de quem fala por ele, quem fala, quem não fala. Isso daí é uma variante que cada um vai acabar acreditando no que quiser. Eu acho que vai seguir dessa maneira. Tanto o Flávio como o Carlos, a Michelle, são pessoas que são próximas do meu pai e vão ter acesso a ele. Eu acho importante que sigam tendo essa proximidade pelo ponto de vista principalmente emocional.
2) Na reunião do PL, perguntaram ao senador Flávio qual orientação deveriam seguir, a sua ou a dele, porque às vezes o comportamento do sr. nos Estados Unidos contrasta com o que PL vem tendo aqui no Brasil. Qual é a saída para isso?
Eu devo satisfação ao meu eleitor. O que eu devo ao PL? Ou será que é o PL que deve ao Bolsonaro por ter a maior bancada da Casa? Vamos imaginar Eduardo Bolsonaro em outro partido: será que eu perderia a minha força política? É óbvio que não.
3) O sr. e o seu irmão Flávio estão alinhados em relação à candidatura da direita em 2026?
O alinhamento com o Flávio é natural, não precisa nem conversar. É aquela dupla de ataque entrosada. Muitas das vezes, como a gente enxerga o cenário da mesma maneira, não precisa passar por um afinamento dessas questões.
4) Dias atrás, Flávio publicou uma foto com o governador Tarcísio, dizendo que os dois estarão juntos no ano que vem.
O Flávio sempre está pensando em… Ele tem um perfil mais articulador, e eu sou um perfil mais combativo. Então, é o perfil de cada um. Agora, eu, por ser eleito pelo Estado de São Paulo, por andar mais em São Paulo do que o Flávio, eu tenho uma outra percepção. Enfim, todos nós temos liberdade para postar, tirar foto, o que quer que seja.
5) Há críticas de alguns bolsonaristas de que o comportamento de Flávio, em momentos como esse, acaba sendo dúbio. O sr. vê razão nelas?
Olha, o Tarcísio fala que ele é candidato à reeleição do governo do Estado de São Paulo. Ele está muito bem posicionado (para isso). Ele (concorrer) à Presidência da República seria algo arriscado, tanto é que, mesmo depois de encontrar com o Bolsonaro ainda em prisão domiciliar, o Tarcísio saiu da casa dele falando que era candidato à reeleição ao governo do Estado de São Paulo. E não existe linguagem dúbia do Flávio. É o que eu falo, são perfis diferentes. Mas eu e o Flávio, a gente é totalmente alinhado. (Com informações de O Estado de S. Paulo)