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Mundo Entenda por que o presidente chinês Xi Jinping quer estar próximo de Vladimir Putin, mas com cautela

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Imagem de arquivo mostra o presidente chinês, Xi Jinping, em visita ao líder russo Vladimir Putin. (Foto: Sergei Karpukhin/TASS)

Apesar da exibição pública de amizade, há sinais de que Xi quer manter certa distância estratégica de Putin — especialmente em meio à guerra na Ucrânia.

Embora Pequim evite criticar abertamente Moscou, também tem se esquivado de oferecer apoio militar direto, limitando-se a declarações diplomáticas e ao fortalecimento de laços econômicos. A China insiste em manter uma postura de neutralidade, defendendo o diálogo como solução para o conflito.

Para Xi, a relação com Putin é útil: reforça o desafio à ordem liderada pelos Estados Unidos e amplia a influência da China em um mundo multipolar. Mas um alinhamento irrestrito com a Rússia — especialmente com o país cada vez mais isolado e sancionado pelo Ocidente — traria riscos econômicos e políticos que Xi parece querer evitar.

A parceria é estratégica, mas calculada. Xi quer estar próximo de Putin, sim — mas não a ponto de se queimar.

“Vemos muitos encontros entre os dois líderes e demonstrações patrióticas de união”, afirmou Mathieu Boulegue, do Centro de Análise de Políticas Europeias.

“Eles podem ser amigos em algumas áreas, cooperar em outras, e ao mesmo tempo competir ou até entrar em conflito em certos pontos da relação”, acrescentou.

“O simbolismo impressiona. Há muito teatro envolvido nessa parceria. Mas o mais interessante é analisar a essência real dessa aliança”, concluiu Boulegue.

De fato, o presidente Xi tem agido com extrema cautela. A Rússia é um parceiro estratégico importante para a China, mas a invasão da Ucrânia transformou Putin em um pária internacional em grande parte do mundo.

Pequim precisa cuidar para que essa amizade com Moscou não afaste outros parceiros em potencial — especialmente em um momento em que enfrenta uma guerra comercial crescente com os Estados Unidos.

Há vários meses, Pequim vem cortejando os países europeus — e essa ofensiva diplomática se intensificou após a chegada de Trump à presidência dos Estados Unidos.

O governo chinês tem se empenhado em se apresentar como um parceiro global estável e confiável, em contraste com a instabilidade percebida na Casa Branca.

No início desta semana, surgiram sinais de que essa estratégia pode estar dando resultado.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Costa, presidente do Conselho Europeu, trocaram mensagens na terça-feira com o presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em comemoração aos 50 anos de relações diplomáticas entre China e União Europeia.

O grande obstáculo para uma aproximação mais concreta tem sido a estreita aliança entre Pequim e Moscou — especialmente o apoio econômico chinês à Rússia.

A China não condenou seu “velho amigo” Putin pela invasão da Ucrânia; ao contrário, prefere se referir ao conflito como uma “crise” que precisa ser resolvida por meio do diálogo.

Se Xi Jinping parecer estar próximo demais de Putin, isso pode gerar atritos com a Europa — justamente num momento em que busca construir pontes com o continente.

Mensagem para Trump

Mas o líder chinês também tem outro recado importante a transmitir.

Nos seus primeiros esforços para acabar com a guerra na Ucrânia, Donald Trump fez questão de exibir sua relação pessoal próxima com Vladimir Putin. Isso levou analistas a especularem se Washington estaria tentando abrir uma brecha entre Moscou e Pequim.

Xi quer deixar claro para Trump que isso não vai acontecer.

“Juntos, devemos frustrar todos os planos que tentem perturbar ou minar nossos laços de amizade e confiança”, escreveu Xi em um artigo assinado publicado por veículos de imprensa russos.

Tanto Xi quanto Putin também criticaram os planos de Trump de criar um escudo antimísseis — apelidado de “Cúpula Dourada” — sobre os Estados Unidos, classificando o projeto como “profundamente desestabilizador” e alertando que isso levaria à militarização do espaço.

Ambos os líderes estão empenhados em apresentar sua própria visão para uma nova ordem mundial — uma alternativa ao que consideram ser a hegemonia global dos Estados Unidos.

Xi Jinping quer se apresentar como um parceiro confiável diante do imprevisível presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Mas Xi também sabe que, embora a China seja uma superpotência, o poder da Rússia hoje é limitado. Essa já não é mais uma aliança entre iguais.

A guerra na Ucrânia enfraqueceu a economia russa, reduziu seu arsenal militar e desgastou suas Forças Armadas.

As sanções impostas pelo Ocidente também deixaram Moscou muito mais dependente de Pequim para manter sua economia funcionando — e isso enfraqueceu consideravelmente a influência do Kremlin no cenário internacional.

“Hoje, a Rússia precisa muito mais da China do que o contrário”, afirmou Mathieu Boulegue.

Moscou vai ter que “engolir isso”, completou.

Putin pode continuar contando com o apoio de seu aliado chinês e cooperar quando for conveniente, enquanto ambos observam os tanques avançando pela Praça Vermelha.

Mas por trás das declarações ousadas, dos sorrisos, dos apertos de mão e dos abraços ocasionais, existem potenciais fontes de tensão e desarmonia — que podem se tornar visíveis nos próximos anos.

 

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