Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2020
A operação que levou nesta quinta-feira (18) à prisão preventiva de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), é mais uma etapa da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre as suspeitas de “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Além de Queiroz, outras pessoas ligadas a Flávio e funcionários da Alerj foram alvos de medidas cautelares determinadas pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Entenda a seguir alguns pontos da operação:
A operação “Anjo”
“Anjo”, como foi denominada a operação que prendeu Fabrício Queiroz, é uma referência ao apelido do advogado Frederick Wassef, responsável pela defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”. Um dos alvos da operação, coordenada pelo MP-RJ em parceria com o Ministério Público de São Paulo, foi um endereço em Atibaia, no interior paulista, registrado como escritório de Wassef. Neste local, Queiroz foi encontrado.
Queiroz e sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, foram alvos de mandados de prisão preventiva, enquanto outros funcionários da Alerj foram alvos de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento de função pública e proibição de contato com testemunhas.
Márcia foi funcionária por dez anos do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, entre março de 2007 e setembro de 2017. Ela ainda não foi localizada e já é considerada foragida pelos investigadores. No ano passado, o jornal O Globo revelou que Márcia nunca teve crachá na Alerj e, durante um processo que ela moveu na Justiça, Márcia se declarou “cabeleireira”. Nunca mencionou assessoria parlamentar.
As mensagens
Em um diálogo obtido pelo MP antes da operação Anjo, Márcia Aguiar compara o marido a um bandido “que tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo”. Nas mensagens de celular, segundo os investigadores, Márcia indica que Queiroz, mesmo escondido, dava ordens para constranger testemunhas. A garantia da continuidade das investigações e produção de provas é um dos requisitos legais para a decretação de prisão preventiva.
Outros alvos
Um dos alvos de busca e apreensão nesta quinta-feira foi Alessandra Esteves Marins, que trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e é funcionária do senador atualmente no Congresso Nacional. Agentes da Polícia Civil e do MP-RJ foram a um endereço de Alessandra em Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio, localizado próximo a um velho escritório político do presidente Jair Bolsonaro.
Luiza Souza Paes, outro alvo de busca e apreensão, teve transferências para contas bancárias de Queiroz identificadas pelo MP-RJ. Ela, que nunca teve crachá na Alerj, esteve no gabinete de Flávio entre agosto de 2011 e abril de 2012. Luiza, porém, fez repasses de R$ 3,5 mil a Queiroz quando trabalhava em outro setor da Alerj, entre 2016 e 2017.
Também foram alvos Matheus Azeredo Coutinho, que ainda é funcionário da Alerj – ele trabalha no Departamento de Legislação de Pessoal, área responsável por atualizar cadastros de parlamentares e servidores – e Luiz Gustavo Botto Maia, advogado de Flávio Bolsonaro em causas eleitorais.
Embora fosse registrado como seu escritório, o endereço de Wassef em Atibaia não continha nenhum documento com relação ao exercício da advocacia, segundo uma equipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que acompanhou a operação. Wassef será investigado pela entidade por falta de ética profissional.
Além disso, o advogado havia declarado, em setembro, que não sabia do paradeiro de Queiroz. Um caseiro do imóvel em Atibaia, no entanto, afirmou aos investigadores que ele estava há cerca de um ano no local. Segundo a GloboNews, investigadores também relataram a impressão de que Queiroz era vigiado na casa e que não há certeza se ele estava voluntariamente no local. Embora Queiroz não fosse foragido, o advogado pode ser investigado por obstrução de Justiça a depender do avanço das apurações.
Ao pedir busca e apreensão em endereços ligados a Queiroz, a Flávio Bolsonaro e a funcionários do gabinete do deputado estadual na Alerj, em dezembro do ano passado, o Ministério Público já havia apresentado indícios da prática de “rachadinha”, como as transferências bancárias para a conta do ex-assessor. De acordo com o MP, Queiroz havia recebido 483 depósitos provenientes de outros assessores, totalizando R$ 2,062 milhões. As informações são do jornal O Globo.