Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2018
A declaração do futuro ministro da Economia de que é preciso “meter a faca no Sistema S” gerou reações de entidades que integram o sistema. Segundo comunicado do Sesi e do Senac divulgado nesta terça-feira (18), “mais de 1 milhão de estudantes ficariam sem opção de cursos de formação profissional e 18,4 mil funcionários das entidades perderiam o emprego”.
Em nota, Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, que tem 2,3 milhões de alunos, afirma que “a proposta de cortes no Sistema S teria efeitos devastadores” sobre essas instituições, responsáveis pela formação técnica e profissional de jovens. No caso do Senai, ele prevê que 162 escolas, de um total de 541, fechariam as portas com os eventuais cortes. As regiões mais afetadas, afirma Lucchesi, seriam Norte e Nordeste.
Sobre o Sesi, que tem 1,2 milhão de alunos na educação básica, Lucchesi diz que os cortes levariam ao fechamento de 155 escolas, além de impossibilitar parte da prestação de serviços de saúde.
O braço do sistema associado ao setor de transportes também se manifestou após a declaração de Paulo Guedes. Sem citar diretamente os cortes pretendidos pelo novo governo, o presidente do Sest e do Senat, Clésio Andrade, divulgou nota afirmando que foram prestados neste ano, até setembro, 8,6 milhões de atendimentos gratuitos de qualificação profissional.
Segundo Andrade, as duas entidades têm hoje 148 unidades, responsáveis por 8,7 mil empregos diretos.
Declaração
Ao defender o corte de gastos públicos para ajustar as contas do governo, Guedes, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu na segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, cortes no chamado ‘Sistema S’, que engloba organizações do sistema produtivo, como Sesi, Senai e Sesc, entre outros.
“Como é que você pode cortar isso, cortar aquilo e não cortar o Sistema S? Tem que meter a faca no Sistema S também”, afirmou Guedes à GloboNews, em evento com empresários na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). As entidades desse sistema não são públicas, mas recebem repasses do governo.
A fala do futuro ministro foi recebida com reação negativa da plateia, ao que ele seguiu: “Óóó! Vocês estão achando que a CUT perde o sindicato mas aqui fica tudo igual? O almoço é bom desse jeito, ninguém contribui?”, questionou, sendo seguido por aplausos.
Segundo ele, o corte pode chegar a 50% dos recursos. “Eu acho que a gente tem que cortar pouco para não doer muito. Se tivermos interlocutores inteligentes, preparados, que quiserem contribuir como o Eduardo Eugênio (presidente da Firjan), a gente corta 30%. Se não tiver, é 50%”, disse ele.