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Por Redação O Sul | 24 de março de 2019
A entrada de dinheiro de fora no Brasil, medida pelo IED (Investimento Estrangeiro Direto), caiu 37,2% entre 2011 e 2018. Nesse período, passou de US$ 97,4 bilhões para US$ 61,2 bilhões. O IED é um dinheiro destinado a ampliar a produção de empresas, com aumento de negócios, geração de empregos e melhoria de renda do trabalhador.
A crise político-econômica pode ter afugentado os investidores externos nesses últimos anos. O que atrai investimento direto do exterior são itens como: estabilidade política e econômica, regras claras e estáveis, tamanho do mercado de consumo, ativos (empresas) atrativos, setores econômicos dinâmicos (elétrico, petróleo e gás, infraestrutura, agronegócio).
Indicador importante, mas não decisivo
O IED é um indicador da saúde econômica do País, mas, para analistas, não é decisivo. “No mundo todo, o investimento para alavancar a economia de um país é dado pela dinâmica local. Isto é, pelo investimento público e privado, e não pelo investimento estrangeiro”, afirmou Antônio Corrêa de Lacerda, vice-presidente do CFE (Conselho Federal de Economia).
Segundo ele, o nível de investimento geral hoje no País (de todas as empresas e do governo) é 25% inferior ao de antes da recessão (2013/2014). Naqueles anos, o investimento representava 21% do PIB (Produto Interno Bruto). Ou seja, nem as empresas nem o governo conseguem desembolsar recursos suficientes para fazer a economia crescer.
“O investimento público hoje está abaixo de 1% do PIB, o menor patamar dos últimos 50 anos, quando chegou à casa dos 4% a 5%”, disse Lacerda. “Se quisermos crescer, precisamos resgatar isso.” O economista afirmou ainda que, na média mundial, o investimento estrangeiro direto corresponde no máximo a 10% ou 15% de tudo que é investido em um país. Os 85% ou 90% restantes precisam vir da dinâmica interna de uma economia. “Não podemos nos iludir de que o investimento estrangeiro, embora importante, seja o motor para a expansão econômica”, declarou.
Nova metodologia
Uma nova metodologia adotada pelo Banco Central desde abril de 2015 permitiu, de certa forma, “turbinar” o volume desses investimentos estrangeiros e atenuar o impacto da queda. O BC começou a contabilizar o reinvestimento de lucros de empresas estrangeiras aqui e a entrada de recursos de companhias brasileiras com subsidiárias no exterior. Esses valores vêm sendo somados ao IED e resultaram em uma nova denominação: IDP (Investimento Direto no País).
Considerando essa metodologia, que o BC diz ser usada agora também no cenário internacional, o IDP no Brasil recuou apenas 13,8% (e não aqueles 37,2%), passando de US$ 102,4 bilhões, em 2011, para US$ 88,3 bilhões no ano passado.
Apesar da argumentação do BC sobre o desuso do conceito IED no cenário internacional, a Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) ainda considera essa metodologia em seu mais recente relatório (janeiro/2019) sobre investimentos estrangeiros diretos no mundo.Nele, o Brasil caiu do quinto (em 2017) para o nono lugar (em 2018) entre os países que mais atraem interesse estrangeiro. Os Estados Unidos lideram o ranking.