Quinta-feira, 20 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2015
Diante de reações negativas, a equipe da presidenta Dilma Rousseff passou a defender fortemente que o governo recue da decisão de propor a recriação da CPMF.
Uma reunião foi chamada neste sábado (29) no Palácio da Alvorada para bater o martelo. Auxiliares presidenciais que na sexta-feira defendiam a proposta hoje já falam que não há alternativa a não ser recuar.
“Melhor ficar com o bicho menor, que é o deficit nas contas”, disse um interlocutor presidencial sob condição de anonimato.
Pesou para a mudança de opinião da equipe do governo a repercussão negativa de empresários brasileiros que, até agora, vinham se posicionando contra o impeachment da presidente.
Dilma Rousseff poderá se definir neste sábado ou fechar a posição do governo em outra reunião que está prevista para este domingo (30).
SAÚDE
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse neste sábado (29) que as críticas às discussões do governo para recriar a CPMF são “uma forma ardilosa de interditar o debate”.
Ele falou por várias vezes que “o governo não apresentou uma proposta” de retomada da CPMF. Segundo o ministro, um novo tributo para financiamento exclusivo da Saúde é “uma das opções debatidas, mas não será a CPMF”.
Chioro diz que o governo defende o debate para superar o que ele chamou de “subfinanciamento” da área, que aflige o ministério, governos estaduais e prefeituras.
O ministro falou sobre o assunto após participar de um evento promovido pela Prefeitura de São Bernardo do Campo.
A fala acontece depois que o ministro defendeu, na quinta-feira (27), uma nova contribuição exclusiva para a área da saúde, nos moldes de uma “contribuição interfederativa da saúde”.
PRESSÃO
Além de aliados como o vice-presidente Michel Temer (PMDB), políticos e empresários, a presidenta Dilma Rousseff está sendo pressionada também por assessores diretos a desistir de propor a volta da CPMF, o imposto do cheque, mas a equipe econômica trabalha com o cronograma de apresentar a medida ao Congresso na próxima segunda-feira (31).
O argumento da área econômica é que a recriação do tributo é o melhor caminho para o governo fechar o Orçamento de 2016 e tapar um buraco de 80 bilhões de reais.
ROMBO
A decisão foi tomada, segundo a área econômica, porque a queda da receita federal vai continuar em 2016 e, por isto, a projeção é de um rombo de 80 bilhões de reais no Orçamento da União do próximo ano, mesmo com medidas de contenção de despesas já definidas pelo governo.
No domingo, Dilma deve definir, por exemplo, como seria a divisão da receita de uma nova CPMF, que seria recriada com alíquota próxima à anterior, de 0,38%, valendo por quatro anos.
O governo vai dividir parte dos recursos com Estados e municípios para obter o apoio de governadores e prefeitos à proposta de ressuscitar a CPMF, ideia criticada por empresários e aliados. Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também rejeitaram a ideia do novo imposto. (Natuza Nery/Folhapress)