Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2018
Tentativa de perfurar um buraco de 200 metros para chegar até os 12 meninos e o treinador de futebol presos na caverna de Tham Luang, na Tailândia, falhou nessa sexta-feira, de acordo com fontes locais. Um correspondente do jornal britânico The Guardian relatou que a possibilidade de resgatar o grupo retido desde 23 de junho na caverna por via aérea foi cancelada.
Com isso, resta apenas a opção de realizar o resgate por dentro da caverna, que está parcialmente alagada. Para isso, os meninos precisarão mergulhar sozinhos, em uma medida de risco e dificuldade.
Morte
A morte de um mergulhador experiente evidenciou os riscos de resgatar doze meninos e seu técnico de futebol, presos em uma caverna no norte da Tailândia. A morte de hoje somada ao retorno das chuvas e à escassez de oxigênio dentro da caverna tornam o resgate cada vez mais dramático e urgente.
Samarn Poonan, de 38 anos, era mergulhador treinado e ex-integrante da Marinha tailandesa. Ele se ofereceu como voluntário para ajudar no resgate dos meninos que estão presos na caverna há quase duas semanas. Durante a madrugada, ele e mais um mergulhador levaram suprimentos para os adolescentes, principalmente cilindros de oxigênio, que está diminuindo no ar do interior da caverna e começa a causar preocupação. No caminho de volta, ele perdeu a consciência e, embora tenha sido socorrido por um companheiro, não resistiu. Ainda é necessário realizar autópsia para determinar a causa exata da morte.
O percurso que os mergulhadores fazem para chegar ao time de futebol é longo e complicado. Ao todo, a equipe tem demorado cerca de seis horas para chegar até os meninos e cinco horas – nadando em favor da correnteza – para retornar à entrada da caverna. Nem todo o caminho é feito por meio de mergulho, sendo possível caminhar em algumas partes da caverna. No entanto, dependendo da profundidade atingida e do esforço que os mergulhadores fazem durante o percurso, um cilindro de ar é suficiente para cerca de trinta minutos embaixo d’água. Isso significa que eles precisam carregar uma quantidade grande de cilindros para completar o percurso, explica Claudio Santos, instrutor de mergulho da escola Amigos do Joe, de São Paulo.
O instrutor explica que a principal causa de morte em mergulho de cavernas – um dos tipos mais complexos de submersão – é o desespero. “O mergulho em qualquer região com teto é perigoso e exige um psicológico controlado. O teto baixo pode causar desespero em algumas pessoas e o desespero leva a uma respiração ofegante e, por consequência, ao alto consumo de ar”. Esta poderia ter causado uma ausência de ar no cilindro de Poonan no fim do percurso e a consequente perda de consciência do ex-militar.
Mergulhos em caverna sempre exigem a presença de um cabo-guia para auxiliar no retorno ao local de partida. “Esse mergulhador pode ter perdido acesso ao cabo e se desesperado ou até ter acreditado que já estava próximo da saída, o que o teria levado a intensificar a respiração e assim esgotar o ar”, sugere o instrutor. “Quem faz mergulho em caverna precisa ter uma margem de segurança de quanto tempo vai levar, onde está e como será o percurso. Perder isso é um risco”. Além disso, a visibilidade também é um obstáculo. Dentro de cavernas ela costuma ser de 20 a 30 centímetros (em alto-mar não agitado e áreas de corais, visibilidade de 20 metros não são incomuns), no entanto, a água da caverna de Tham Luang é enlameada, prejudicando a visão.