Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2015
Uma mulher que vive no território ocupado pelo EI (Estado Islâmico) postou em sua conta no Twitter a foto de uma sobremesa feita em casa, repetindo o que milhões de pessoas fazem nas redes sociais. A diferença é que poucas horas depois, ela usou o microblog para dizer que a “alma” de seu marido acabara de fazer a melhor “transição” possível e pediu que os céus o recebessem como mártir, sugerindo que ele morrera em uma missão suicida. Não há como saber a verdadeira história da internauta cujos posts, assim como outros, foram examinados pelo jornalista palestino Abdel Bari Atwan em uma investigação sobre a ascensão do EI.
O que Atwan pode afirmar é que nenhum outro grupo terrorista soube explorar a tecnologia com tanta eficácia quanto os jihadistas que levaram o horror a Paris no dia 13. Nas redes, eles não apenas recrutam integrantes, como também vendem a imagem ilusória da guerra santa como um estilo de vida.
Para o editor, que ficou conhecido por ter entrevistado Osama bin Laden duas vezes e que teve acesso a lideranças do EI, a arma mais poderosa do grupo é sua máquina de tecnologia da informação. É um arsenal que mescla o discurso fanático com a linguagem e a estética das redes sociais.
No livro “O Estado Islâmico: o califado digital” (tradução livre), o jornalista descreve uma estrutura que inclui jovens programadores, hackers, videomakers, jornalistas, editores e desenvolvedores. A missão é mostrar assassinos como heróis, paradoxalmente usando os instrumentos do século 21 para pregar a volta ao modo de vida adotado pela primeira geração de muçulmanos no século 7, segundo sua visão totalitária do islã.
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