Esporte Estados Unidos planejam confiscar propriedades milionárias de dirigentes da Fifa
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2015
Existe uma propriedade de pouco mais de um hectare em Loganville, Geórgia, que ostenta uma piscina curvilínea e um portão decorado na entrada da via de acesso. Em uma ilha particular em Miami, um edifício alto de apartamentos oferece vista para o mar. E em bairros modestos da mesma cidade, oito casinhas idênticas para aluguel são parte de áreas em desenvolvimento. Os imóveis em questão pertencem a alguns dos principais dirigentes do futebol mundial e a executivos de marketing esportivo, e estão associados a dinheiro de origem dúbia, de acordo com as autoridades norte-americanas.
De todas as revelações – entre as quais subornos, fraudes e lavagens de dinheiro – que o indiciamento federal norte-americano contra dirigentes da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e executivos de marketing esportivo continha, em maio, um detalhe recebeu pouca atenção: alguns dos acusados eram donos de propriedades nos Estados Unidos, e o governo norte-americano planeja confiscá-las.
Promotores públicos federais identificaram 13 dessas propriedades, com valores estimados de entre menos de 70 mil dólares e mais de 1 milhão de dólares, de acordo com os documentos do caso. Algumas servem como casas de férias para os acusados, enquanto outras eram moradias de inquilinos que nada suspeitavam.
Aaron Davidson, acusado de pagar subornos a Jeffrey Webb, antigo vice-presidente da Fifa, para conquistar lucrativos contratos para sua empresa de marketing esportivo, é dono de um apartamento de 1,1 milhão de dólares em Brickell Key, uma ilha fechada em Miami protegida por seguranças que patrulham o terreno usando carrinhos de golfe.
Para Davidson, o apartamento – em um edifício de 40 andares cujo saguão ostenta orquídeas, um sistema de música ambiente e um pequeno lago ornamental – era sua moradia primária, e ele continua lá em prisão domiciliar, em companhia da mulher e duas filhas.
Webb, cidadão das Ilhas Cayman extraditado aos Estados Unidos pela Suíça na semana passada, tem múltiplas propriedades nos Estados Unidos, entre as quais quatro na Geórgia, todas sujeitas a confisco.
Para o governo, essas propriedades constituem alvos tangíveis. “É mais fácil ir atrás de ativos físicos nos Estados Unidos do que de contas bancárias em paraísos fiscais”, disse Mark Vlasic, advogado no escritório Madison Law and Strategy Group e antigo diretor da Iniciativa de Recuperação de Ativos Roubados do Banco Mundial. “É muito difícil que uma propriedade real evapore. Ela não pode ser transferida eletronicamente a outros países.”
Davidson e Webb incluíram suas propriedades como garantia em pacotes de fiança no valor de 5 milhões de dólares e 10 milhões de dólares; a fiança de Webb foi paga na segunda-feira (20), depois que ele se pronunciou inocente em um tribunal federal em Brooklyn.
Em bairros de Miami muito menos afluentes do que aquele em que Davidson mora, oito imóveis estão também na mira das autoridades federais. Pertenciam a Rafael Esquivel, o presidente da federação venezuelana de futebol, e agora são propriedade de diferentes holdings.
Autoridades federais que participam da investigação, liderada pelo Serviço de Receita dos Estados Unidos e pela promotoria federal norte-americana no distrito leste do Estado de Nova York, optaram por não comentar o caso. (Rebeca R. Ruiz/Folhapress)
