Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2022
Depois de tentar, entre 2018 e 2019, uma carreira de influencer do empreendedorismo – um pouco palestrante, um pouco consultor, um pouco youtuber –, o empresário Eike Batista submergiu. São três anos, desde agosto de 2019, longe das redes sociais e dos holofotes, apesar de seus 1,1 milhão de seguidores no Twitter. O início da submersão coincide com sua segunda prisão, que durou apenas um dia. De lá para cá, o ex-bilionário vem trabalhando para sair do inferno astral que dilapidou sua fortuna – em 2012, a sétima maior na lista global da revista Forbes.
Atualmente, com patrimônio bloqueado, o império empresarial reduzido a poucos e pequenos negócios e certo mistério sobre suas atuais fontes de renda, Eike, pai pela quarta vez em março, não vive mais o glamour de outrora, mas parece longe de passar necessidades, trabalhando e morando na mesma mansão de sempre, no Rio.
Apesar do sumiço das redes sociais, o empresário voltou ao noticiário econômico com maior frequência este ano, por causa da novela que se tornou o processo de falência da MMX, a mineradora do Grupo X. E, a partir da quinta-feira, 22, voltará ao showbiz. Sua cinebiografia chegará às telas dos cinemas de todo o País – Eike: Tudo ou Nada tem o ator Nelson Freitas no papel do empresário e teve o roteiro baseado no livro da jornalista Malu Gaspar sobre a ascensão e a queda de seu império empresarial.
O trabalho para sair do inferno astral passa pelo cumprimento do acordo de delação premiada – que inclui o pagamento de uma multa de nada menos do que R$ 800 milhões – firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A percepção de assessores financeiros que trabalharam recentemente com o empresário é que, apenas com as pendências criminais resolvidas ele poderá voltar a trabalhar em novos negócios. A volta por cima passa também por uma solução para a MMX, porque seu último ativo de valor mais elevado, um lote de títulos de dívida da mineradora Anglo American avaliado na casa de centenas de milhões, foi parar no processo de falência da companhia.
Os dois temas andam juntos, porque o processo de falência da MMX tomou os títulos das mãos de Eike logo após o empresário oferecer os papéis como garantia de pagamento da multa milionária do acordo de colaboração.
Por isso, desde o ano passado, o empresário tem mantido contatos com envolvidos no processo de falência, principalmente por causa do processo de venda dos títulos da Anglo. Com seu tino para os negócios, busca investidores interessados em comprar as debêntures. Com sua habilidade de vendedor, vem fazendo contatos com envolvidos no processo para convencê-los que as debêntures têm sido ofertadas a “preço vil”, disseram fontes ouvidas sob condição do anonimato.
Eike chegou a ir a Belo Horizonte, no mês passado, na sede da vara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) onde corre um dos dois processos de falência da mineradora. Foi à audiência judicial para abrir envelopes com os lances, num leilão dos títulos da Anglo, a terceira tentativa de vender os papéis no processo de falência da MMX. Ao lado de seus advogados, assistiu a mais um fracasso. Em seguida, a 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte do TJ-MG determinou uma quarta tentativa de vender as debêntures e recebeu uma proposta do banco BTG Pactual. O próprio Eike e a Argenta Securities, corretora que fez uma das propostas ao longo das quatro tentativas de venda, recorreram da decisão. O processo acabou suspenso por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Pelo menos dois interlocutores do empresário nos últimos meses destacaram, sob condição do anonimato, sua postura otimista diante dos problemas, apesar dos reveses na venda dos títulos da Anglo. Segundo uma dessas pessoas, Eike “está sempre pensando no futuro”, demonstra “muita vontade de voltar a empreender”, e mantém “estado de espírito positivo”.
Renda
Há poucas informações sobre como Eike faz “para pagar as contas”. A reportagem questionou os advogados do empresário, por meio da assessoria de imprensa, sobre as atuais fontes de renda dele, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto. Nos bastidores, advogados que deixaram de trabalhar com o empresário já relataram a existência de dívidas, enquanto outros trabalham na expectativa de receber honorários ao fim dos processos. Pelo menos um dos assessores financeiros que se sucederam na tentativa de deslindar os problemas também investiu recursos próprios e não tem esperanças de recuperar o dinheiro.
Do lado das receitas, ainda que os valores envolvidos em consultorias e novos negócios fossem inflados nas entrevistas de 2018 e 2019, é certo que o empresário se manteve como controlador da OSX e do restaurante Mr Lam, chinês mais renomado do Rio.