Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de março de 2024
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes confirmou a participação em reuniões em que foram discutidos os detalhes da ‘minuta do golpe’. O militar foi ouvido por investigadores da Operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe com possível participação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ex-chefe do Exército não é investigado, mas foi chamado a depor por investigadores em razão de mensagens que o ex-ajudante da Presidência Mauro Cid – agora delator – lhe enviou citando a ‘minuta’. Marco Antônio Freire Gomes compareceu à PF nessa sexta (1), e lá depôs por oito horas, tendo respondido todas as perguntas dos investigadores.
Uma das reuniões citadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi um encontro entre a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder. A reunião teria ocorrido quando Bolsonaro ainda estava na presidência, após as eleições de 2022.
Os investigadores agora vão se debruçar sobre os detalhes do depoimento e buscam manter o máximo de informações sob sigilo para estudar novos passos da apuração sobre uma tentativa de golpe de Estado.
No dia 22, Bolsonaro prestou depoimento, mas preferiu aderir ao direito de ficar em silêncio. Em resposta ao cerco policial, o ex-presidente fez uma manifestação na Avenida Paulista no último domingo (25/2), onde afirmou que está sendo perseguido e negou qualquer tentativa de golpe de Estado.
Mensagens de Mauro Cid
São as mensagens enviadas por Mauro Cid a Freire Gomes que colocam o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro da suposta trama golpista sob investigação da Polícia Federal. O ex-ajudante de ordens afirmou ao general que o ex-chefe do Executivo ‘mexeu’ no decreto, ‘reduzindo’ o texto.
De acordo com a PF, as mensagens foram trocadas após uma reunião de oficiais supostamente aliados ao plano golpista em Brasília, no final de novembro de 2022. Também com Mauro Cid – no computador do tenente coronel – a Polícia Federal apreendeu imagens de reunião ocorrida em julho de 2022 na qual o ex-presidente estimula seus ministros e aliados a agirem para impedir a vitória ‘da esquerda’ nas eleições de outubro daquele ano.
O inquérito narra que, inicialmente, o decreto sob análise da cúpula do governo Bolsonaro previa não só novas eleições, mas a prisão dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Após o ajuste de Bolsonaro, o texto passou a prever somente a prisão de Moraes.