Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2025
Segundo Alexandre Guimarãaes, todos os serviços prestados foram legais e documentados.
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos DeputadosAlexandre Guimarães, ex-diretor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no período de 2021 a 2023, foi ouvido na segunda-feira (27) pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura descontos indevidos em benefícios previdenciários.
Durante o depoimento, ele admitiu ter recebido mais de R$ 2 milhões de empresa vinculada a Antônio Carlos Camilo Antunes — conhecido como o “Careca do INSS” — apontado com o principal articulador do esquema de fraudes no instituto. Ele, no entanto, negou envolvimento nos desvios ilegais.
O ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS disse ter sido sócio proprietário da Vênus Consultoria Assessoria Empresarial S.A., criada em 2022 para prestar serviços de educação financeira a uma das empresas de Antunes, a Brasília Consultoria.
Segundo a CPMI, a consultoria encerrou suas atividades neste ano, após a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), deflagrada em abril deste ano, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). A partir dessa ação, o esquema de fraudes se tornou amplamente conhecido.
Guimarães disse ainda que sei primeiro contato com Antunes ocorreu em 2022, por meio de amigos em comum, sem vinculação com o INSS. Na época, disse ele, ambos discutiram um projeto de exportação de frutas para a China e o financiamento do transporte.
Ele ainda admitiu que o “Careca do INSS” indicou Rubens Oliveira Costa, suposto operador financeiro do esquema, para que o “ajudasse a abrir a empresa Vênus”.
Guimarães também confirmou que contador de sua empresa, Alexandre Caetano, foi indicado por Rubens Oliveira Costa. De acordo com o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o mesmo Alexandre Caetano era o contador das empresas do “Careca do INSS”.
“O senhor virou diretor do INSS por indicação política, depois fez uma empresa cujo administrador é o operador financeiro do chefe da organização criminosa, recebeu cerca de dois milhões e meio desse conglomerado que saqueou aposentados e pensionistas, e está dizendo que fez tutoriais de educação financeira? Eu não acredito nessa versão”, disse o relator.
Segundo o ex-diretor, todos os serviços prestados foram legais e documentados:
“Eu não cometi irregularidades. Eu só prestei serviços para a Brasília Consultoria. Tenho notas fiscais”.
Durante a gestão de Guimarães no INSS, o número de denúncias de descontos indevidos em aposentadorias e pensões aumentou exponencialmente. Segundo as investigações, quase dobrou a cada ano, no período entre 2022 e 2024.
De acordo com o ex-diretor, isso ocorreu por conta da transferência da ouvidoria para dentro do próprio INSS, o que, segundo ele, teria facilitado o recebimento das queixas dos segurados.