Sábado, 13 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2018
A Sears, no passado um dos gigantes do varejo dos Estados Unidos, pediu concordata antes do vencimento de uma dívida de US$ 134 milhões (R$ 501 milhões) que teria de pagar nesta segunda-feira (15), e anunciou o fechamento de 142 lojas.
Há anos a Sears vivia sob a ameaça de se tornar o mais recente grande nome do varejo a desabar diante da concorrência do comércio online, e de dívidas esmagadoras. A companhia, no passado conhecida por seus catálogos imaculados e mais recentemente por lojas decrépitas e um presidente-executivo controverso, viu o preço de suas ações despencar na semana passada, depois que surgiram informações de que havia contratado consultores para ajudá-la a preparar um pedido de concordata antes do pagamento que teria de fazer.
Uma pessoa informada sobre as negociações disse ao The Wall Street Journal que a Sears planejava pedir concordata, o que permitiria que ela se reorganizasse e talvez saísse da concordata com parte de seus negócios intactos.
A empresa vinha negociando para obter uma linha especial de crédito no valor de centenas de milhões de dólares que permitiria que a gestão atual da empresa se mantivesse no controle durante a concordata, enquanto reestruturava as dívidas e reorganizava os negócios da empresa. O empréstimo viria de credores, entre os quais os bancos Bank of America, Wells Fargo e Citi Group. A pessoa estimou que cerca de 150 lojas seriam fechadas de imediato. “E a intenção é conduzir a empresa ao outro lado do túnel”, disse a pessoa.
O preço das ações da Sears era de US$ 0,41 (R$ 1,53) quando as transações com elas foram suspensas na última sexta-feira. A cadeia de varejo criada 125 anos atrás não foi de maneira alguma a primeira a desabar, sobrecarregada com a manutenção de lojas enormes em um período de crescimento acelerado dos concorrentes no segmento de comércio eletrônico.
A Sears tem cerca de US$ 5,6 bilhões (R$ 20,9 bilhões) em dívidas, e sua rede se reduziu a 820 lojas Sears e Kmart, ante duas mil cinco anos atrás. Muitas de suas marcas já foram vendidas, entre as quais as ferramentas Craftsman, e o último exercício em que ela não esteve no vermelho foi o de 2010.
Muitas de suas propriedades mais valiosas já foram vendidas, e as lojas restantes ocupam imóveis alugados e oferecem perspectivas modestas de economia de custos por meio da reestruturação de contratos de locação, porque a Sears já paga aluguéis abaixo do mercado.
Um especialista em concordatas descreveu a queda da Sears como o “acidente de trem mais lento da história”. Mas a queda da empresa à concordata parece ter se acelerado na semana passada, quando surgiram informações de que a companhia havia contratado a M-III Partners, de Nova York, para ajudá-la a preparar o pedido. A Sears recentemente indicou um especialista em reestruturação para um posto em seu conselho, para obter orientação adicional sobre como conduzir um pedido de concordata.
Mas ainda não estava claro se a companhia tentaria algum outro plano de reestruturação e se Eddie Lampert, que será substituído na presidência executiva como parte do pedido de concordata, desenvolveria um novo plano para salvar a empresa cujo controle ele tomou em 2013. Lampert será substituído na função por um comitê de três pessoas, mas manterá seu posto como presidente do conselho da Sears.
A passagem de Lampert pelo comando da Sears foi controversa. Paula Rosenblum, fundadora da consultoria Retail Systems Research, escreveu em artigo para a revista Forbes que Lampert emergiria da concordata da Sears como a vítima menos simpática. Lampert descobriu há muito tempo que poderia lucrar com a venda de algumas das marcas mais valiosas da empresa, como as ferramentas Craftsman e as lojas de roupas Lands End. Além disso, em um processo de concordata, os maiores credores se tornam os donos da nova entidade.
Rosenblum disse ao The Washington Post que as pessoas que têm mais a perder com o fim da Sears são os trabalhadores, que ficarão sem seus empregos e pensões. E os shopping centers –que verão alguns de seus maiores espaços desocupados– terão de encontrar maneiras criativas de atrair consumidores. As opções vão de praças de alimentação a pop-up stores [lojas provisórias] e rinques de patinação no gelo, disse Rosenblum –qualquer coisa cujo conceito vá além das compras.