Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2025
Queiroga disse que consolou o ex-presidente Jair Bolsonaro no dia seguinte à derrota para Lula em 2022.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilO ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (26) que consolou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia seguinte à derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 e negou ter sido procurado por pessoas do governo para falar de uma tentativa de golpe de Estado.
Nesse encontro, relatou Queiroga, ele lembrou das derrotas de Richard Nixon e Jimmy Carter enquanto presidentes dos Estados Unidos, e que se mantiveram politicamente relevantes depois.
“Estive com Bolsonaro na segunda-feira logo após as eleições, talvez o último dia que ele foi para o Palácio do Planalto. Naturalmente ele estava muito triste, como estávamos”, afirmou Queiroga.
“Lembrei ao presidente de exemplo como o presidente Nixon que teve que renunciar a presidência dos Estados Unidos, e Jimmy Carter que não foi eleito e tiveram maior protagonismo político depois.”
Queiroga participou da audiência como testemunha do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e do ex-ministro Walter Braga Netto no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado.
Nessa audiência, Queiroga defendeu as declarações de Bolsonaro em reunião ministerial de julho de 2022 que veio a público posteriormente. Naquele encontro, o ex-presidente pediu a união da Controladoria-Geral da União (CGU), das Forças Armadas e da Polícia Federal para “fiscalizar” as urnas eletrônicas.
“Aquilo ali era uma fala de liderança política muito assertiva e afirmativa dentro do padrão que ele fazia em outras ocasiões até mesmo publicamente”, afirmou Queiroga.
Heleno, nesse mesmo dia, sugeriu “montar um sistema para acompanhar os dois lados”, incluindo Lula. “O problema todo disso é se vazar”, afirmou Heleno. “Não tem VAR nas eleições. Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito, tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições.”
Queiroga também disse que teve repetidos encontros com Heleno e com Braga Netto durante o ano de 2022. “(Eu e Braga Netto) nos encontrávamos porque desejávamos que Bolsonaro fosse reeleito e Braga Netto fosse vice-presidente”, afirmou.
Em depoimento, Queiroga afirmou que fez o processo de transição para o governo Lula “como determina a legislação”.
“Recebi quatro ex-ministros: Humberto costa, (José Gomes) Temporão, Arthur Chioro e Alexandre Padilha e passamos”, afirmou. “Me senti muito a vontade de passar essas preocupações com Padilha, pessoa que já tinha relacionamento institucional.”
Além de Queiroga, foram ouvidas outras testemunhas de Heleno, que trabalharam com ele no GSI ou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Todos eles negaram que o ex-ministro os tenham procurado oferecendo algum plano de golpe de Estado e disseram que a Abin era um órgão apartidário.
“O GSI é apolítico e apartidário”, afirmou Amilton Coutinho Ramos, que atuou como assessor especial de comunicação do GSI. “É sabido que o general Heleno é a favor do voto impresso, mas ele acatou a decisão do Congresso Nacional e o resultado das eleições.