Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2015
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator no processo do mensalão, Joaquim Barbosa, usou sua conta no Twitter para criticar a fala da presidenta Dilma Rousseff sobre o dono da UTC, Ricardo Pessoa, delator na Operação Lava Jato.
Barbosa afirmou que há algo “profundamente errado” na vida pública do País e que nunca viu um chefe de Estado “tão mal assessorado” quanto a presidenta. E disse que é crime de responsabilidade atentar contra o andamento do Judiciário.
Nesta segunda, em Nova York, Dilma disse que “não respeita delator” e negou que tenha recebido dinheiro ilícito em sua campanha. Em delação premiada, Pessoa disse que doou 7,5 milhões de reais à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente.
“Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem de resistir porque se não você entrega seus presos.”
A presidenta defendeu que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem a delação de Pessoa e afirmou que tomará providências se o empresário a citar nos depoimentos.
“Assessoria da presidente deveria ter lhe informado o significado da expressão ‘law enforcement’: cumprimento e aplicação rigorosa das leis. Zelar pelo respeito e cumprimento das leis do País: esta é uma das mais importantes missões constitucionais de um presidente da República!”, escreveu Barbosa.
Ele defendeu que a colaboração com a Justiça – a delação premiada – é um instituto penal-processual previsto em lei no Brasil.
Ainda no Twitter, o ex-ministro do STF disse que a Constituição outorga ao presidente a prerrogativa de vetar um projeto ou de impugnar uma lei perante o STF por inconstitucionalidade, mas que “a Constituição não autoriza o presidente a ‘investir politicamente’ contra as leis vigentes, minando-lhes as bases”.
Doações
Os depoimentos de Ricardo Pessoa à Operação Lava Jato que já vieram à tona mostram que ele já citou mais de 20 políticos, além de partidos, incluindo nomes do PT e PSDB.
O empreiteiro também afirmou ter feito doações eleitorais aos deputados Luiz Sérgio (PT-RJ), atual relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, e Paulinho da Força (SD-SP), ex-presidente da Força Sindical, para evitar greves em obras de suas empresas. Os dois políticos negam. (Folhapress)