Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
24°
Sunny

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Ex-presidente da Funai ataca ruralistas

Compartilhe esta notícia:

Segundo Franklimberg de Freitas, a política indigenista tem sido feita apenas dentro do Palácio do Planalto e "o que menos sobra é o foco no índio". (Foto: Alberto César Araújo/Aleam)

Duas semanas depois de deixar a presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio), Franklimberg de Freitas diz que foi alvo de mentiras e conluio da bancada ruralista e do secretário especial de Assuntos Fundiários do governo, Luiz Antônio Nabhan Garcia.

Ele disse que, em março, em um encontro com o presidente Jair Bolsonaro para tratar da pauta indígena, foi recebido “com indiferença”. Segundo ele, a política indigenista tem sido feita apenas dentro do Palácio do Planalto e “o que menos sobra é o foco no índio. “A Funai praticamente não tem conhecimento de nada.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Nabhan Garcia disse que o sr. foi demitido porque não teve competência para ficar no cargo. O que o sr. tem a dizer sobre isso?

“Olha, o Exército me designou para comandar uma tropa de paraquedistas em Moçambique, e para atuar como oficial no Estado do Kansas, nos Estados Unidos, por dois anos. Comandei uma brigada em Boa Vista [RR]. Fui chefe do comando militar do Amazonas. Acho que o Exército não teria feito tudo isso comigo se eu fosse incompetente. O que vejo é que determinados deveres de casa não foram feitos por essa pessoa, para apoiar o presidente. O que está acontecendo na área indígena é fruto desse assessoramento, este sim, muito incompetente”.

O sr. deixou a Funai dizendo que Nabhan “saliva ódio contra os povos indígenas”. Por quê?

“Usei essa expressão porque se trata de alguém que vem prestando informações erradas ao presidente Bolsonaro. É alguém que não tem conhecimento suficiente para assessorar nas questões indígenas. Tudo o que ele disse é mentira. A Funai, enquanto isso, segue isolada, com dificuldades para realizar seu trabalho, que é cuidar do índio”.

Como o sr. vê a mobilização da bancada ruralista para cuidar da demarcação de terras indígenas?

“É preocupante. Grande parte das nossas demarcações ocorreu em processos de litígio com o segmento rural. Da última vez que eu estive na presidência da Funai, um ano e meio atrás, tínhamos 19 processos de demarcação judicializados. Hoje, há 59. Como ainda há outras 119 terras em fase de estudo, a tendência é que esse volume aumente. Por isso, vemos toda essa pressão do segmento rural. É um assunto que envolve políticos e grandes proprietários que vão direto ao presidente. Por isso, fica um vácuo nesse diálogo”.

O sr. não estava na Funai para que o vácuo deixasse de existir?

“Sim, mas a verdade é que a política indigenista tem sido feita apenas dentro do Palácio do Planalto. A Funai praticamente não tem conhecimento de nada. Quem assessora o presidente são essas pessoas. Levam para o presidente a informação de que sou um ongueiro, golpista, bolivariano. Jamais me identificaria com essas afirmações, mas me parece que o presidente acreditou”.

O sr. esteve com Bolsonaro em março. Como foi recebido?

“O presidente foi indiferente. Falei sobre todas as questões e necessidades, mas observei certa indiferença do presidente, provavelmente já acreditando nessas mentiras passadas a ele por representantes da bancada ruralista”.

Quais representantes?

“Vamos ser claros. Me colocaram no alvo quando, em julho de 2017, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, entrou no nosso gabinete na Funai e desrespeitou todos os nossos servidores durante uma reunião”.

O que ocorreu?

“Ele chegou, jogou um DVD em cima da mesa e disse que ali estava o que fazíamos de falcatruas. Tive que me posicionar, me contrapor. Então, pediram a minha cabeça. Como fiquei no cargo por mais um tempo, criou essa animosidade”.

Em abril, o presidente recebeu indígenas ao lado de Nabhan. O senhor não foi convidado?

“Claro que não, porque aquilo foi uma cena montada. Não foi sequer a Funai que pagou a passagem daqueles índios para irem a Brasília e gravar com o presidente. Esses índios não representavam suas comunidades. Foram plantados ali para reclamarem de tudo”.

O sr. voltaria a atuar neste governo?

“Acredito que, em razão dessa oposição que existe da bancada ruralista, seria contraproducente qualquer tipo de ação minha nesse caminho”.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Operação Lava-Jato prende o procurador que teria recebido 300 mil reais para aprovar trajeto mais longo do metrô do Rio
Walkman fez 40 anos: saiba tudo sobre aparelho febre nos anos 90
https://www.osul.com.br/ex-presidente-da-funai-ataca-ruralistas/ Ex-presidente da Funai ataca ruralistas 2019-07-01
Deixe seu comentário
Pode te interessar