Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2022
				Afastado da presidência do PTB e em prisão domiciliar desde a segunda-feira (24), o mensaleiro condenado Roberto Jefferson não tem do que reclamar da vida que a política lhe proporciona: só no ano passado, ele recebeu 278.589 reais pagos com dinheiro do contribuinte através do Fundo Eleitoral.
Um levantamento inédito feito a partir de informações do Tribunal Superior Eleitoral em que mostra que os recursos destinados à manutenção dos partidos políticos tem bancado uma série de extravagâncias aos dirigentes das siglas.
No caso de Jefferson, ele integra uma notável casta de profissionais da política que é remunerada pelas legendas que eles próprios comandam — e são contratados como prestadores de serviços. Os pagamentos ao cacique continuaram mesmo após sua prisão, em agosto, sob suspeita de participar de ataques às instituições democráticas do país.
Como se não bastasse, o dinheiro do fundo também banca mordomias como hospedagem em hotéis de luxo. O PTB gastou 129 000 reais no Hotel Emiliano, um dos mais exclusivos de São Paulo e um dos endereços preferidos de Roberto Jefferson na capital paulista. A cifra coloca o partido como o campeão de gastos neste quesito: 443.130 reais, mais que o dobro desembolsado pelo segundo colocado, o PT (196.513 reais).
O partido diz que os gastos não foram só com Jefferson e negou que ele tenha residido no local. A legenda ainda aponta que, segundo a legislação, não cabe à Justiça Eleitoral fazer análise de mérito dos gastos e a escolha do local onde hospeda seus integrantes é um ato de autonomia interna do partido.
Desperdício geral – Os políticos nacionais não são exatamente conhecidos pelo zelo no trato com o dinheiro público e, embora estejam longe dos melhores padrões de produtividade, trabalham firme na hora de criar regras que os beneficiam e permitem a perpetuação de castas de poder em Brasília.
Dentro da longa lista de distorções criada por esse sistema ao longo da história, incluídas aí as emendas parlamentares, chama atenção no momento o apetite por fatias cada vez maiores do orçamento federal para encorpar os fundos partidário (destinado ao custeio da operação das legendas) e eleitoral (distribuído para bancar as campanhas). Em 2022, com novo pleito marcado para outubro, essas duas fontes de receita somam impressionantes 6 bilhões de reais. A cifra recorde é quase 200% maior do que a de 2018.
Em termos de uso escandaloso, no entanto, o Fundo Partidário não fica muito longe. Conforme demonstra um extenso levantamento nas despesas dos diretórios nacionais das siglas em 2021, parte significativa desses gastos, que totalizaram quase 1 bilhão de reais no ano passado, vem sendo usada para permitir que os políticos desfrutem de voos de jatinho, transporte por carrões e uso de mansões. Eles ainda garantem a contratação de alguns dos melhores advogados da praça para defendê-los de acusações por corrupção.