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Economia Ex-secretário demitido por causa do leilão do arroz se diz “chateado” com o governo, mas afirma que não servirá de bode expiatório

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Exoneração aconteceu após o governo federal anular o pregão para importação de 263 mil toneladas de arroz. (Foto: Reprodução)

Ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller afirmou nessa terça-feira (18) ter sido contrário ao leilão do arroz, anulado pelo governo, sobre o qual pairam suspeitas de fraude. Em audiência na Câmara dos Deputados, ele se disse “chateado” com a demissão e, apesar de afirmar que não “sairia atirando” contra os governistas, reforçou que não será bode expiatório do leilão. A exoneração dele aconteceu em 12 de junho, após o governo federal anular o pregão para importação de 263 mil toneladas de arroz. Geller definiu o leilão como “um equívoco político do governo”.

“Fiquei chateado, sim, com o ministro da Agricultura com a forma como eu saí do governo. Não saí a pedido. Não seria justo (a saída por espontânea vontade) com a sociedade e não seria correto porque no nosso entendimento não houve má fé. Houve um equívoco político na condução do leilão”, afirmou.

Duas empresas criadas por um ex-assessor de Neri Geller — Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e Foco Corretora de Grãos — intermediaram a venda do arroz pelo leilão. Além disso, as empresas já teriam tido como sócio Marcelo Piccini Geller, filho do ex-secretário de Política Agrícola.

Durante entrevista em que anunciou a anulação do leilão, o ministro Carlos Fávaro disse que Geller teria colocado seu cargo à disposição devido ao mal-estar provocado pela revelação. Geller reafirmou que, na verdade, foi demitido. Sobre o suposto conflito de interesses gerado pela antiga participação do seu filho em uma empresa que intermediou o leilão, ele se disse “surpreendido”:

“Eu recebi uma ligação me questionando se meu filho teria participado do leilão. Me assustei, fiquei preocupado, liguei para o meu filho e ele disse que abriu a empresa em agosto, antes de eu ser secretário e que ela está inativa do ponto de vista funcional, ela não abriu conta, não fez nenhuma operação. Ele disse: não tenho nada a ver com isso. Agradeci, fiquei tranquilo e liguei para o Robson (o assessor) e ele falou que abriu uma corretora logo que meu filho declinou na sociedade desde o ano passado. Eu falei para ele (Robson) que ele estava fazendo um estrago na imprensa e ele disse que eu não pago mais o salário dele e questionou o porquê de ele não poder exercer a função”, se defendeu.

A interlocutores, Geller já tinha dito que se sentia injustiçado e que defendia o primeiro leilão, que foi cancelado, quando a meta era importar 100 mil toneladas de arroz, uma quantidade menor do que o volume comprado de 230 mil toneladas.

À Comissão de Agricultura da Câmara, Geller também disse que não via motivos para “sair atirando” contra o governo, mas disse que não aceitará o papel de “bode expiatório”.

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