Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2020
Um laudo apresentado pela Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) identificaram as bactérias Campylobacter jejuni e Escherichia coli O157 como responsáveis pela infecção que no final de dezembro matou duas crianças – de 4 e 5 anos – em Santa Maria (Região Central do Estado). De acordo com a Secretaria da Saúde, esta foi a primeira vez em que o Rio Grande do Sul registrou um surto desta natureza.
Ao todo, foram notificados 41 casos e seis internações, incluindo as duas vítimas que não resistiram – estudavam na Escola de Educação Infantil do Sesi (Serviço Social da Indústria). Já o último paciente apresentou os primeiros sintomas no dia 8 deste mês.
A situação será monitorada por 30 dias até que não se registrem novas ocorrências. Enquanto isso, a investigação prossegue, com novas coletas de amostras e exames laboratoriais para tentar identificar a fonte da contaminação. O material está sendo analisado pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) e pelo Laboratório de Referência Nacional em Enterobactérias da Fiocruz.
No mês passado, o governador Eduardo Leite colocou à disposição as equipes do Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) e da 4ª CRS (Coordenadoria Regional de Saúde), com sede em Santa Maria, para ajudar a detectar as causas da infecção, além de acompanhar e orientar os procedimentos a serem adotados, incluindo alertas a toda rede de atendimento e à população.
Novos casos suspeitos devem ser notificados imediatamente ao plantão do serviço de vigilância epidemiológica do município por meio dos telefones (55) 3921-7154 e (55) 99167-4185 ou ao Disque Vigilância 150 da SES.
Sintomas
A infecção por Campylobacter jejuni em humanos pode se manifestar de várias formas, sendo a gastroenterite o sinal mais comum. Os sintomas são diarreia (profusa, aquosa e, em alguns casos, com sangue), vômito, náusea, dores abdominais e febre. Como complicações, podem ocorrer endocardite, artrite séptica, meningite e Síndrome de Guillain-Barré.
O período de incubação varia normalmente de dois a cinco dias e os casos de infecção são usualmente esporádicos, ocorrendo nos meses de verão e no início do outono. A causa é a ingestão de alimentos cozidos e manipulados de forma inapropriada, com maior incidência relacionada ao consumo de frangos.
Já no caso da Escherichia coli O157, o paciente apresenta gastroenterite, colite hemorrágica e Síndrome Hemolítica Urêmica. Costumam aparecer em média até quatro dias após a ingestão de alimentos ou água contaminados. Cerca de 12% a 30% das pessoas infectadas podem evoluir para insuficiência renal e comprometimento sistêmico. A transmissão ocorre por via fecal-oral e através do ambiente, alimentos, solo e água contaminados.
Precauções
A prevenção de novos casos segue as medidas gerais de prevenção de doenças com transmissão hídrica e alimentar:
– Lavar bem as mãos com sabonete/sabão antes do preparo dos alimentos, sempre que interromper a atividade de preparo, e após;
– Lavar bem as mãos após uso do banheiro e troca de fraldas;
– Lavar frequentemente as mãos das crianças com sabonete/sabão, sobretudo após o uso do banheiro;
– Manter os alimentos refrigerados, abaixo de 5°C, ou aquecidos acima de 70°C;
– Consumir somente água potável/tratada;
– Consumir alimentos crus como vegetais folhosos, frutas e legumes, somente após a lavagem mecânica retirando todas as sujidades, seguida do uso de solução clorada;
– Consumir alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite, mel etc.) somente com registro no órgão sanitário competente;
– Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados;
– Utilizar utensílios (tábuas, talheres e recipientes) diferentes para produtos crus e cozidos;
– Não ingerir carnes cruas ou mal cozidas (abaixo de 70°C);
– Manipuladores que apresentarem sintomas gastrointestinais não devem manusear alimentos.
(Marcello Campos)