Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2015
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Este mês completam-se 100 anos da formatura de Raul Pilla na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, que hoje integra a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nascido em Porto Alegre no ano de 1892, era filho de imigrantes italianos. Quando tinha 17 anos, entrou na Política como secretário do diretório central do Partido Federalista do Rio Grande do Sul. Por influência de Apeles Porto Alegre, seu professor de História no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, tornou-se adepto do Parlamentarismo, notabilizando-se como o seu maior defensor ao longo da história republicana.
Pilla foi um dos líderes da Revolução de 1923 ao lado de Assis Brasil em conflito com os chimangos, que defendiam a permanência indefinida de Borges de Medeiros no governo do Estado. Em 1928, ajudou a fundar o Partido Libertador e foi seu vice-presidente. Um ano depois, participou da criação da Frente Única Gaúcha, que uniu adversários políticos para lançar Getúlio Vargas como candidato à Presidência da República. Em 1932, rompeu com Vargas.
A partir de 1946, elegeu-se deputado federal por cinco vezes. Em 1961, foi autor da emenda que permitiu a João Goulart assumir a Presidência da República no regime parlamentarista. Caracterizou-se como uma solução de emergência, diante da resistência dos militares que não queriam a posse do vice no lugar de Jânio Quadros.
Em 1966, Pilla renunciou ao mandato na Câmara dos Deputados. Ardoroso defensor da democracia liberal, não aceitou o autoritarismo do regime militar.
Além de médico, professor e político, Pilla foi jornalista, tendo publicado por décadas seus artigos em Porto Alegre e no Centro do País. Faleceu em 1973 sem ter visto o Parlamentarismo ser implantado como regime de governo definitivo em nosso País.
Este registro homenageia o grande homem público, mas também relembra que o Parlamentarismo não pode ser adotado como solução de emergência, como ocorreu em 1961. Além do regime defendido por Raul Pilla, é cogitado agora o semipresidencialismo. Fórmulas de gabinete e impostas de cima para baixo nunca se sustentaram.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.