Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2025
O Brasil conta atualmente com cerca de 37 mil militares do sexo feminino, representando aproximadamente 10% do efetivo das Forças Armadas. Elas atuam em funções temporárias ou permanentes, com forte presença nas áreas de saúde, logística e ensino. Até o final do ano passado, as mulheres não passavam pelo processo de alistamento comum aos homens, iniciado aos 18 anos.
Essa realidade começou a mudar neste ano, com o início do primeiro alistamento militar feminino voluntário em 200 anos de história do Exército.
O marco é comemorado internamente, mas também gera preocupações logísticas e orçamentárias. A expectativa é que, a partir de março de 2026, 1.010 novas soldados cheguem aos quartéis, exigindo uma reestruturação que ainda não está pronta.
Grande parte das unidades militares não conta com alojamentos, vestiários ou instalações adequadas para mulheres, o que obriga o Exército a investir em obras de adaptação em 45 unidades espalhadas pelo País. O custo estimado para essas reformas é de R$ 48 milhões.
A limitação orçamentária, já conhecida nas Forças Armadas, se impõe como obstáculo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em abril, o general Richard Nunes, número dois na hierarquia do Exército, expressou sua preocupação: “Não é só o ponto de o orçamento ser baixo, mas sim de ele ser imprevisível.” A incerteza nos repasses federais compromete o planejamento e a execução das mudanças necessárias para garantir condições dignas de serviço às novas recrutas.
O alistamento voluntário feminino começou em janeiro de 2025 e segue até o final de junho. Podem se inscrever mulheres nascidas em 2007, que completam 18 anos em 2025. A procura surpreendeu: nos três primeiros meses do processo, foram registradas 27 mil inscrições para um total de 1.465 vagas nas Forças Armadas. Do total, 70% (1.010) são destinadas ao Exército, 20% (300) à Aeronáutica e 10% (155) à Marinha.
As mulheres selecionadas ingressarão nas patentes mais baixas das respectivas forças: soldados no Exército e na Aeronáutica, e marinheiras-recrutas na Marinha. É a primeira vez que mulheres passam a integrar as Forças Armadas por meio do alistamento tradicional — processo que, para os homens, continua sendo obrigatório.
Apesar dos desafios, a abertura do alistamento representa um passo histórico em direção à maior inclusão feminina nas estruturas militares brasileiras, ainda marcadas por uma predominância masculina em seus quadros operacionais. (Com informações do Estado de S. Paulo)