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Brasil Falhas em políticas públicas mantêm elevado o número de jovens “nem-nem”

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No Brasil, 23% da população entre 15 e 29 anos não estuda nem trabalha. (Foto: Cecilia Bastros/USP Imagens)

Neste domingo, mais de 5,5 milhões de candidatos enfrentarão a primeira etapa das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Criado em 1998, o teste é utilizado para avaliar a qualidade do ensino médio no País, mas seu resultado serve também para dar acesso ao ensino superior em universidades públicas brasileiras — e até em algumas no exterior. Por isso, o Enem é chamado de “o maior exame vestibular do Brasil”.

Quem conseguir boas notas, terá dado importante passo para se manter longe de um dos fantasmas da juventude atual: o de ser rotulado como jovem “nem-nem”, aquele que, na linguagem popular, “nem estuda, nem trabalha”. Mais recentemente, foi acrescentado outro “nem” à expressão, como referência aos que também não procuram trabalho.

Se há obstáculos no caminho dos estudos, os degraus até o mundo do trabalho estão a exigir esforço adicional por parte dos jovens — e não apenas no Brasil. A alta ocorrência de desemprego nessa faixa etária é um problema mundial. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), eles representam mais de 35% dos desempregados do planeta.

Na lista dos dez países europeus com os maiores índices de jovens de ambos os sexos que não trabalham nem estudam estão Grécia, com 39,1%, Espanha, com 33,4%, Itália, com 30,8%, França, com 20,4%, e Portugal, com 20,3%. No Brasil, 23% da população entre 15 e 29 anos de idade, o que equivale a mais de 11 milhões de jovens, pertencem à categoria. Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2016 e 2017, 619 mil jovens brasileiros ingressaram nesse contingente.

O analista de Segmentação do IBGE Pedro Franco explica que os motivos para o crescimento desse grupo são variados. E vão além da crise econômica do País. Ele lembra que, na era da inteligência artificial, dos aplicativos e das redes sociais, as profissões estão mudando. Enquanto isso, a educação brasileira ainda não atingiu metas programadas para 2015.

“Em comparação com economias mais desenvolvidas, o índice brasileiro talvez não devesse ser tão alarmante, mas é, porque lá o nível da educação é melhor, dando mais mobilidade às pessoas. Na União Europeia, por exemplo, os desempregados de um país podem mudar para outro e trabalhar. E isso não acontece, nem é tão fácil, aqui.”

A especialista em mercado de trabalho e professora da Faculdade de Administração da UnB (Universidade de Brasília), Débora Barem, partilha o entendimento de que diferentes fatores levam esses jovens a ficarem fora do mercado de trabalho e de instituições de ensino. Segundo ela, o difícil cenário começou no momento em que muitas portas de emprego se fecharam, a renda diminuiu e, consequentemente, nem os jovens nem suas famílias conseguiram mais custear seus estudos:

“Apesar de o auge da crise econômica do País já ter passado, ainda estamos num momento muito ruim, especialmente para essa faixa etária.”

De acordo com Débora, muitos jovens ainda enfrentam dificuldades para definir em qual área desejam trabalhar pelo resto da vida. Isso se agrava pela falta de orientação dentro das universidades. Conforme a professora, essa indefinição leva os jovens a perderem tempo, a já se apresentarem ao mercado mais velhos e sem experiência no currículo, o que termina atrapalhando a conquista profissional. Outro problema, na visão da especialista, é que a falta de oportunidades tem levado muitos desses aprendizes a realizar estágios fora da área desejada, dificultando ainda mais sua colocação no mercado de trabalho:

“Nós observamos essa situação em todas as classes sociais: o jovem está bastante solitário nessa procura. Mesmo tendo acesso a ferramentas como a internet, por exemplo, esse diagnóstico não é alcançado por meio de uma simples pesquisa no Google, precisando ser muito mais aprofundado.”

Embora lembre que o quadro dos jovens nem-nem não é prerrogativa brasileira, Débora Barem adverte que aqui a situação é mais grave porque o nível de capacitação dessas pessoas é baixo. Ela aponta como exemplo a dificuldade de alguns para interpretar textos e compreender assuntos do cotidiano.

“A falta de orientação faz com que esses jovens errem muito na hora da escolha profissional. Já os que acertam, se esquecem muitas vezes de que podem alcançar posicionamento diferenciado por meio da formação e de que o diploma de nível superior continua sendo um diferencial qualificador nesse universo”, ressalta a estudiosa.

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https://www.osul.com.br/falhas-em-politicas-publicas-mantem-elevado-o-numero-de-jovens-nem-nem/ Falhas em políticas públicas mantêm elevado o número de jovens “nem-nem” 2018-11-03
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