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Mundo Fechamento do espaço aéreo eleva pressão para militares da Venezuela derrubarem Maduro

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Trump continua apertando o parafuso da sua estratégia inicial, que é tentar fomentar um golpe militar interno contra o regime de Maduro.(Foto: Arquivo/EBC)

O fechamento do espaço aéreo da Venezuela, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, é uma escalada grave da crise entre os dois países, até porque afeta os vizinhos, inclusive o Brasil. Mas parece ser uma continuação da estratégia original de Washington de tentar fomentar um levante militar interno contra o regime venezuelano, sem a necessidade de uma invasão por tropas dos EUA. Levanta ainda dúvidas importantes sobre se houve um acerto com a Rússia, envolvendo Venezuela e Ucrânia, e talvez com a China, sobre Taiwan.

Trump parece acreditar que um mundo dividido em esferas de influência, como na época da Guerra Fria com a extinta União Soviética, é mais vantajoso para os EUA. E a Venezuela, que tem a segunda maior reserva comprovada de petróleo, ficaria efetivamente na esfera americana. A retórica de combate ao narcotráfico serve apenas de fachada para o objetivo de mudar o regime venezuelano.

A China é o principal parceiro econômico do governo ditatorial de Nicolás Maduro na Venezuela, mas é a Rússia que garante a defesa do regime, fornecendo armas, assessores militares e ajudando, via Cuba, a manter os sistemas de segurança e espionagem internas. Moscou ajuda ainda o país a burlar as sanções americanas ao petróleo venezuelano.

A decisão de fechar o espaço aérea da Venezuela levanta assim a questão de se houve algum acerto entre EUA, Rússia e China a respeito de divisão de esferas de influência.

O governo Trump propôs neste mês um plano para encerrar a guerra na Ucrânia que incorpora todas as demandas russas, inclusive a cessão de território ucraniano, e é visto como favorável a Moscou. Outro potencial sinal de acordo nessa linha foi o pedido de Trump, após conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, para que o Japão baixasse o tom sobre o apoio a Taiwan, ilha que Pequim reivindica.

Sobre o fechamento do espaço aéreo, Trump não deu detalhes.
Informou apenas que deve ser considerado fechado, sobre e ao redor da Venezuela, o que poderia implicar também o comprometimento de espaço aéreo brasileiro. Não está claro o que acontecerá se aviões, da Venezuela ou de outros países, violarem essa decisão. Os EUA atacariam um avião civil com passageiros? Atacariam um avião militar russo?

A medida é uma escalada política e militar importante, trará mais miséria para a já combalida economia venezuelana, mas dificilmente bastará para derrubar o regime de Maduro. Se fosse um embargo naval, aí sim seria uma ameaça existencial, pois tiraria da Venezuela a sua principal fonte de receita, que é a venda de petróleo.

Ou seja, aparentemente Trump continua apertando o parafuso da sua estratégia inicial, que é tentar fomentar um golpe militar interno contra o regime de Maduro. Os EUA deslocaram para o Caribe a maior força militar no continente desde a invasão do Panamá, em 1989, incluindo o seu maior porta-aviões. Analistas militares observam que essa mobilização garante poder de fogo, mas carece de tropas suficientes para uma invasão por terra. Para comparação, os EUA enviaram 150 mil soldados para a invasão do Iraque, em 2003, e contavam com outro tanto de países aliados. Agora, têm cerca de 15 mil militares no entorno da Venezuela, segundo estimativas. Ou seja, uma invasão com esse contingente seria uma operação arriscada.

A demonstração de força dos EUA, no entanto, pode estimular setores militares na Venezuela a se insurgirem contra Maduro. Nesse caso, Trump poderia conseguir seu objetivo, de troca de regime, sem disparar um tiro. Militares que se revoltassem certamente teriam vantagens numa Venezuela pós-Maduro e não seriam processados pelos EUA.

A adesão de militares a um golpe, no entanto, é extremamente perigosa. O regime venezuelano mantém um sistema eficiente de vigilância e espionagem interna. Qualquer suspeita de traição é punida com rigor e pode se estender à família dos envolvidos. É muito arriscado tramar e, mais ainda, tentar executar um golpe. Mas parte dos militares venezuelanos pode acreditar que é ainda mais arriscado enfrentar o poderio e a ameaça de punição dos EUA. É isso que deve estar passando pela cabeça dos principais líderes militares do país nestas horas. (Análise de Humberto Saccomandi/Valor Econômico)

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https://www.osul.com.br/fechamento-do-espaco-aereo-eleva-pressao-para-militares-da-venezuela-derrubarem-maduro/ Fechamento do espaço aéreo eleva pressão para militares da Venezuela derrubarem Maduro 2025-12-01
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