Terça-feira, 14 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2015
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) indicou que um diálogo com seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidenta Dilma Rousseff só será possível se houver um reconhecimento público do PT de que o partido errou ao investir nos últimos anos no discurso do nós e eles.
Fernando Henrique disse que, tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos. “Tornou-se óbvio que há um acúmulo de crises: de crescimento, de desemprego, de funcionamento institucional, moral, de condução política”, declarou, em um artigo publicado no domingo pelos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.
O ex-presidente afirmou que os acenos petistas surgiram quando mostraram-se ineficazes as tentativas de responsabilizar fatores externos pela crise econômica. Rechaçando qualquer conversa que cheirasse a conchavo, FHC ressaltou que, agora, o protagonista das ações no País é a Justiça.
“Essa constatação não implica dizer um ‘não’ intransigente ao diálogo”, ponderou. “Decidam a Justiça, o TCU [Tribunal de Contas da União] e o Congresso Nacional o que decidirem, continuaremos a ter a Constituição e a premência em reinventar nosso futuro.”
O tucano ainda complementou: “É hora de reconhecerem que a política democrática é incompatível com
a divisão do País entre ‘nós’ e ‘eles’. (…) Cabe aos donos do poder o mea-culpa de haver suposto sempre serem a única voz legítima a defender os interesses do povo”, concluiu o ex-chefe de Estado. (Folhapress)