Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de julho de 2015
O advogado Tiago Cedraz disse na sexta-feira não ter recebido informações privilegiadas do pai, o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Aroldo Cedraz, após um pedido de vista de um processo cujo resultado foi favorável à construtora UTC. O dono da empreiteira, Ricardo Pessoa, afirmou, em delação premiada, que Tiago teria recebido pagamentos de 50 mil reais mensais para repassar à empresa informações do tribunal que envolvessem seus interesses.
Aroldo Cedraz, em 14 de novembro de 2012, pediu vista dos autos que tratavam de uma licitação para obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). A UTC era uma das partes interessadas. O ministro ficou duas semanas com o processo, que retornou ao plenário em 28 de novembro. A votação acabou favorável à construtora.
Influência
O empresário Ricardo Pessoa, investigado na Operação Lava-Jato, disse que repassou 1 milhão de reais a Tiago para influenciar esse processo. Na terça-feira, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão do STF (Supremo Tribunal Federal) na casa e no escritório de advocacia de Tiago em Brasília (DF). Ele virou investigado depois da delação premiada de Pessoa.
O TCU anulou a suspensão da licitação de um contrato de 2 bilhões de reais em Angra 3, que acabou vencido por consórcio liderado pela UTC com Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Aroldo Cedraz só se declarou impedido no dia da votação, duas semanas depois de ter atuado pedindo vista da ação.
Para Tiago, o pedido de vista não fez diferença no processo. O advogado admitiu ter sido consultado por Pessoa sobre a ação, mas disse que não atuou no caso. “A simples consulta já foi suficiente para o advogado solicitar o pedido de impedimento do ministro. Aroldo Cedraz e seu filho nunca mantiveram qualquer diálogo acerca de qualquer processo relativo ao TCU”, informou a assessoria de imprensa de Tiago.