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Saúde Fiocruz alerta: novas pandemias podem surgir de vírus e bactérias da Amazônia

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A queda no primeiro mês de 2023 na comparação com janeiro de 2022 foi de 61%. (Foto: Agência Brasil)

A devastação da Amazônia ameaça a saúde pública global. Uma pesquisa liderada por
cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) alerta para o risco da emergência
de epidemias e pandemias a partir do Brasil. Revela, por exemplo, 173 tipos de patógenos (vírus, bactérias, vermes, parasitas, fungos) associados à caça e que podem causar ao menos 76 doenças em seres humanos. Ninguém está imune ao que acontece na Amazônia, mostra o estudo.

Os pesquisadores desenvolveram modelos para avaliar o risco de surgimento de zoonoses — as doenças transmitidas de animais para seres humanos — em cada Estado brasileiro.

O risco existe em todo o Brasil, mas nenhuma região é tão vulnerável quanto a Amazônia, conclui o artigo publicado na revista Science Advances. Ela abriga todas as condições para uma tempestade pandêmica perfeita. Tem a maior biodiversidade terrestre do mundo associada a taxas de desmatamento recordes — as maiores em 15 anos — e populações em cidades remotas e com baixo acesso a serviços de saúde.

Muitas espécies de animais perdem o habitat devido ao desmatamento e se aproximam de povoações. Com isso, é rompido o equilíbrio na dinâmica que mantém vírus e outros patógenos na segurança da floresta.

“Caça e derrubada da floresta são inimigos letais de seres humanos”, afirma a primeira
autora do estudo, Gisele Winck, do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do IOC.

Apenas oito dos 27 Estados brasileiros apresentam risco baixo de emergência de doenças infecciosas transmitidas por animais, mostra o estudo, chamado “Socioecological vulnerability and the risk of zoonotic disease emergence in Brazil” (“Vulnerabilidade socioecológica e o risco de emergência de zoonoses no Brasil”, em tradução livre).

As regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste têm os maiores níveis de risco. Sudeste,
risco médio. E Sul, baixo. O estudo revelou que plantar árvores e aumentar a cobertura
vegetal de áreas urbanas reduz o risco de zoonoses.

“Essa é a primeira vez que se usa modelos estatísticos sólidos para analisar o risco de
emergência de zoonoses. A partir de um modelo de avaliação que identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, observamos os processos que moldam o surgimento de zoonoses em cada Estado brasileiro. Fica evidente que desmatamento e caça são graves problemas para a saúde pública. Conservar a floresta é proteger a saúde. Ninguém está imune ao que acontece na Amazônia”, afirma Gisele.

Para fazer o estudo, os cientistas analisaram fatores como vulnerabilidade, exposição e
capacidade de enfrentamento de doenças. Foram consideradas variáveis como espécies de mamíferos silvestres, perda de vegetação natural, mudanças nos padrões de uso da terra, bem-estar social, conectividade geográfica de cidades e aspectos econômicos.

Também autora do estudo, Cecília Andreazzi, do mesmo laboratório do IOC, observa
que a Mata Atlântica, onde vivem cerca de 75% dos brasileiros, também tem imensa
biodiversidade. Não à toa já foram identificados no bioma vírus como o Sabiá, causador de febre hemorrágica letal. Porém, a Amazônia está em maior risco porque é hoje vítima da maior pressão, sob intenso ataque de desmatamento, garimpo, caça e outras agressões ambientais.

A carne de caça é um meio crítico para o “transbordamento” de patógenos de animais e
causadores de doenças em seres humanos. Os cientistas descobriram 63 mamíferos que interagem com 173 patógenos que podem causar, pelo menos, 76 diferentes doenças. Todos estão associados à caça no Brasil.

Caçadores funcionam como elos entre microrganismos da floresta e os centros urbanos, mostram cientistas. Eles podem carregar patógenos de doenças que, se não fosse isso, continuariam longe do ser humano, sob a guarda da floresta.

As cientistas explicam que a infecção de caçadores ocorre de várias formas. Na floresta, o caçador é exposto a picadas de mosquitos, carrapatos e outros vetores. Também pode se infectar por meio de cortes e até pequenos arranhões. Outra forma de contágio é o preparo e o consumo da carne de caça. Os cães de caçadores também podem ser contaminados e levar patógenos para fora da mata.

“Encontramos 76 doenças conhecidas, mas a Amazônia é imensa e apenas uma pequena parcela de sua biodiversidade foi estudada e muitos casos de doença não são notificados”, frisa Gisele.

Cecília acrescenta que de encefalite sem diagnóstico fechado, por exemplo, ficam invisíveis ao sistema de notificação. O mesmo acontece com febre hemorrágicas. “Não existe rastreamento para febres hemorrágicas ou ação conjunta entre órgãos ambientais e de saúde. Enquanto isso, o desmatamento e a caça libertam patógenos
que sequer conhecemos”, destaca.

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