Domingo, 07 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2025
A manifestação foi realizada em meio ao julgamento do ex-presidente por participação na trama golpista após a eleição de 2022.
Foto: ReproduçãoEm um discurso com ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deu um recado para o presidente da Câmara, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-RJ).
Para ele, não existe “meia-anistia”. “Não existe anistia criminal sem anistia eleitoral”, disse a apoiadores de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em ato na praia de Copacabana, neste domingo (7).
A manifestação foi realizada em meio ao julgamento do ex-presidente por participação na trama golpista após a eleição de 2022 — a sentença deverá ser proferida nesta semana, em julgamento na Primeira Turma do STF, previsto para acontecer entre terça e sexta.
Flávio, porém, disse que todos já sabem qual será o resultado. “Todo mundo sabe o que vai acontecer esta semana. Aquilo não é um julgamento, é uma farsa”.
O senador citou que, dos cinco ministros da Primeira Turma, três seriam “anti-Bolsonaro”, citando, além de Moraes, Cristiano Zanin, “que até ontem era advogado [do atual presidente da República] Lula”, e Flávio Dino, “inimigo público declarado de Jair Bolsonaro, que disse que Bolsonaro era o demônio em forma de pessoa”. Sobre Moraes, disse que ele era “ditador de toga”
Por essa razão, seu discurso — assim como o todo o ato em si — foi focado no pedido por anistia. E não só ampla, geral e irrestrita.
“Imediata” foi o termo que ele adicionou. Flávio ainda disse não ser possível anistiar a “Débora do Batom sem anistiar também o presidente Bolsonaro”. A referência foi a Debora Rodrigues dos Santos, que esteve envolvida nos ataques de 8 de janeiro de 2023, pichou a estátua da Justiça com batom e foi condenada pelo STF.
Bolsonaristas têm pressionado Motta a colocar o debate da anistia em discussão na Câmara para beneficiar o ex-presidente. Já há articulação, inclusive, para que Bolsonaro possa disputar a próxima eleição presidencial, em 2026, o que é impossível atualmente em função de sua inelegibilidade por condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Flávio estava até utilizando uma camiseta em que aparecia escrito “Bolsonaro 2026”.
Os ataques a Moraes não ficaram restritos ao termo “ditador de toga”. Flávio chegou a dizer que o ministro do STF teria “traços de psicopatia”. “Não pode ser uma pessoa normal. Uma pessoa que não está preocupada com a esposa, com os filhos”.
Para Flávio, Moraes teria ido longe demais e estaria dando uma “segunda facada” em Bolsonaro. No sábado (6), fez sete anos que o ex-presidente foi atacado com uma facada por Adélio Bispo durante ato de campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).
Antes do discurso de Flávio, ao som da música “Tropa de Elite”, foram veiculadas mensagens antigas de Bolsonaro em que ele fazia apologia à violência, como “precisa de pancada e punição rigorosa”, “lógico que atirou pra matar”, “Direitos Humanos é o cacete”.
Entre a execução da música e o discurso de Flávio, quem falou foi o governador fluminense, Cláudio Castro (PL). Ele defendeu que Bolsonaro seja inocentando pela trama golpista.
“Estamos falando em anistia, mas esquecemos que é um inocente com uma tornozeleira em casa preso”, disse, lembrando das medidas cautelares impostas por Moraes. “Antes de anistia, queremos Bolsonaro inocentado”.
Para Castro, “eleição sem Bolsonaro não existe”.