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Ciência Ganhador do prêmio Nobel de Física é apaixonado por forró e Guimarães Rosa

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Físico que estuda sistemas complexos e o caos atmosférico ganhou o prêmio em 2021 ao lado de outros dois cientistas. (Foto: Reprodução)

Nascido em Roma, na Itália, o físico Giorgio Parisi é um típico professor universitário dos velhos tempos: cabelos desarrumados, a mesa um tanto caótica e uma genuína curiosidade no outro, sobretudo se o outro provém de uma cultura como a brasileira, país no qual tem imensa admiração por causa do forró, estilo que dança, e por escritores como João Guimarães Rosa.

Aos 73 anos, Parisi acaba de ganhar o prêmio Nobel de Física ao lado de dois cientistas especializados no clima, o norte-americano de origem japonesa Syukuro Manabe, de 90 anos, e o alemão Klaus Hasselmann, de 89.

Além de uma medalha de ouro, a metade do prêmio de 986 mil euros — cerca de R$ 6,2 milhões — ficará com o italiano, enquanto o restante será dividido entre Manebe e Hasselmann.

“Jamais esperava ser premiado junto com dois climáticos. O Nobel mostra que Física e clima são duas coisas diversas, mas que há qualquer relação entre os dois”, afirmou Parisi em entrevista. “O planeta Terra é um sistema complexo, talvez muito mais complexo do que conhecemos, exatamente por contemplar tudo dentro de si. Todo o desenvolvimento do mundo, os sistemas ecológicos, é um sistema complexo”.

Os sistemas complexos e o caos atmosférico são objetos de pesquisa de Parisi desde o final dos anos 1970. As décadas de estudo e algumas descobertas deram ao cientista o Nobel, conforme indicado pela academia sueca. “Não há nada mais fascinante do que encontrar uma ordem no caos”, comenta.

A Itália já somou até agora, contando todas as áreas, 21 prêmios Nobel — Parisi foi o sexto físico italiano premiado com a distinção, o que demonstra a força da disciplina no país. Professor da Universidade Sapienza de Roma, ele é vice-presidente — após ser o presidente por alguns anos — da Academia Nacional dei Lincei, existente desde o início do século 17 e responsável por promover a ciência, e pesquisador do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália.

Leia os principais trechos da entrevista:

1) A academia premiou o sr. com o Nobel por causa da “descoberta da interação entre a desordem e as flutuações nos sistemas físicos desde o nível atômico à escala planetária”. Como se explica isso?

Giorgio Parisi — A primeira coisa a entender é que, na natureza, existem os sistemas complexos. O mundo, e nós mesmos, somos cercados por esses sistemas. Se você pegar um cachorro, por exemplo, pode me dizer alguma coisa sobre ele: o que ele está fazendo naquele momento, se come, se brinca, se dorme. Ele pode estar fazendo tanta coisa. Depois, por uma intervenção externa, ele pode mudar completamente: alguém provoca um barulho e esse cachorro se assusta e começa a pular. O sistema complexo mostra que um cachorro, que estou descrevendo em nível comportamental, é formado por tantas coisas, células, órgãos como fígado e cérebro, e esses órgãos podem estar doentes, alguns têm milhares de celulares. São sistemas que provocam um efeito cascata.

2) Ou seja, pode ser qualquer coisa, com diversas implicações.

Parisi – Um cristal de sal não é um sistema complexo. Ou um copo de água, já que todos são feitos do mesmo átomo. Mas quase tudo que temos ao nosso redor é um sistema complexo. O ponto é que a física, por muito tempo, se ocupou a estudar o infinitamente pequeno, as coisas pequenas, átomos ou demais substâncias. Depois ela olhou para o infinito, as estrelas, as galáxias, o universo, a escala cósmica.

A outra fronteira da física são os sistemas complexos, mas estamos ainda distantes de ter compreendido tudo. Por isso o Nobel me foi concedido, pois o trabalho que faço desde o final dos anos 1970 é colocar esses sistemas complexos na física.

A física é muito diferente das outras disciplinas: a física tenta simplificar o mundo, ou estudá-lo de forma simplificada.

3) O sr. é um respeitável dançarino de forró. Como começou essa relação com a cultura brasileira?

Parisi – Por um certo período, até 2004 ou 2005, a última coisa que me interessava no mundo era a dança. Mas me aproximei de forma casual, numa academia que frequentava, a partir das danças gregas. É difícil dizer isso, mas sei dançar de forma decente uma série de bailes gregos, danças populares. A Grécia é riquíssima, é um país com centenas de danças diversas.

Depois, encontrei por acaso um anúncio para aprender forró universitário aqui perto da universidade (Sapienza, em Roma). Não entendi nada, achei que era uma lição de forró para alunos e professores universitários. Ninguém sabe realmente das coisas…

Depois, aprendi que era um estilo de forró (risos). E me interessei muito.

4) Qual tipo de forró o atrai mais?

Parisi – Conheço a diferença entre o forró pé de serra e o forró universitário. A isca, quando conheci o estilo, era o forró universitário, mas logo depois passamos a dançar o pé de serra, que é bem diferente. Gosto mais do estilo tradicional, como as canções de Luiz Gonzaga.

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