Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2018
O interventor federal da segurança pública no Rio de Janeiro, general Braga Netto, vai utilizar o acúmulo de dados de inteligência obtidos no período em que ele foi responsável pelo Comando Militar do Leste para fazer mudanças estratégicas nas policiais do Estado. Esse diagnóstico foi definido por ministros que participaram da decisão do presidente Michel Temer de fazer a intervenção no Rio.
Avaliação feita no Palácio do Planalto é de que o grande problema no Estado é que os comandos locais, tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil, nas comunidades e nos bairros, tinha intervenção política. Além disso, a constatação é de que uma parcela da polícia também tem influência de milícias e até mesmo do crime organizado.
“Como o general Braga Netto atuou no ano passado em operações no Rio por causa das ações da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e em 2016 por causa da Olimpíada, ele acumulou muita informação sobre o funcionamento da segurança pública no Rio e sobre as polícias. Em várias operações, inclusive, foi identificado o vazamento de informação. Será essa inteligência que será utilizada para fazer as mudanças nos comandos locais das polícias, desde as delegacias até postos em comunidades”, disse um ministro.
Além da corrupção de policiais, um ministro apontou como grande problema na segurança pública do Rio a influência política nas nomeações de cargos, tanto na PM quanto na Civil. “Um vereador em determinada comunidade tem influência total na escolha de policiais que serão lotados nessa comunidade. O governador Pezão não tinha autoridade para barrar essas indicações políticas. Em muitos casos, vereadores tinham relações com a milícia, em casos extremos até mesmo com a contravenção e o crime organizado”, observou esse ministro.
Reunião
A maioria dos integrantes dos conselhos da República e de Defesa Nacional, reunidos nesta segunda-feira hoje (19) no Palácio do Planalto, aprovou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, informou o ministro da Defesa, Raul Jungmann. Apenas os líderes da oposição na Câmara e no Senado, que integram o Conselho da República, se abstiveram de votar.
Apesar de os conselhos não terem poder de veto, o presidente Michel Temer decidiu convocá-los para consultar a posição dos integrantes dos dois órgãos. A reunião teve a participação de ministros, parlamentares, militares e integrantes da sociedade civil.
Jungmann relatou que durante a reunião o governo fez uma exposição dos motivos que levaram à intervenção. Entre eles, o ministro citou fatos como a interrupção de aulas nas escolas por causa da violência, o fato de comunidades no estado viverem sob o controle do crime organizado e de milícias e a necessidade de escolta armada para a entrega de encomendas dos Correios em localidades do Rio de Janeiro.
O ministro disse que não se trata de uma intervenção militar, mas federal e civil e que os recursos necessários para a medida estarão disponíveis assim que o general Braga Netto, nomeado interventor, apresentar o planejamento.