Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2025
				Gestores saíram em defesa da operação que matou ao menos 121 pessoas.
Foto: ReproduçãoGovernadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ganharam, com a crise de segurança pública no Rio de Janeiro, a chance de reeditar uma tentativa de união e se descolar da agenda bolsonarista por anistia. É o que avaliam integrantes desse campo político e interlocutores dos gestores.
Para eles, há agora uma brecha para os governadores trabalharem em cima de uma pauta da “vida real”, relacionada a um tema em que eles costumam ter bom desempenho junto à opinião pública: segurança pública.
Liderados por Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, os governadores de direita se organizaram em dois encontros, numa tentativa de ressuscitar a união que buscaram em agosto, em torno do ex-presidente e da anistia, mas que acabou não decolando.
A primeira reunião foi mais restrita, puxada por Zema. Participaram de uma videochamada, além do mineiro e de Jorginho, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e o de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).
Dos cinco participantes, três são considerados presidenciáveis – sendo Tarcísio o único que nega essa intenção e insiste em ser candidato à reeleição.
Já Jorginho organizou um encontro mais amplo, com outros colegas, no Rio de Janeiro, com Cláudio Castro (PL). A ideia será propor medidas e pôr à disposição ajuda ao governo local.
Tanto os governadores de direita como seus aliados saíram em defesa da operação que matou ao menos 121 pessoas, se tornando a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Em rede social, o presidente do PT, Edinho Silva, afirmou ser “lamentável que governadores, na saga de atacar o presidente Lula, montem palanque sobre os corpos de centenas de mortos, que façam comício sobre as lágrimas de centenas de mães que ainda não enterraram seus filhos”.
“Não será com politicagem que vamos derrotar o crime organizado, e sim com competência, como foi feito na operação Carbono Oculto”, declarou.
Um auxiliar que acompanha os diálogos dos governadores da direita ponderou que, embora haja um alinhamento de discursos, ainda há dúvidas se medidas concretas poderiam sair do encontro, até porque nem todos os gestores desse campo político estão engajados no embate.
A expectativa, na avaliação desse auxiliar, é de que o Congresso consiga encampar melhor essa discussão -por exemplo, fazendo avançar o projeto que classifica facções como terrorismo.
Na última semana, enquanto o Rio de Janeiro vivia caos com vias fechadas após a operação, Castro se queixou de falta de apoio do governo Lula.
Horas depois, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o Estado não havia pedido ajuda e deveria assumir sua responsabilidade.
A jornalistas, Castro disse que não vai ficar “chorando” por não ter apoio do governo federal e classificou a operação como sucesso, com exceção das mortes policiais –quatro até o momento.
Zema, por sua vez, disse que as facções estão tomando conta do Brasil e lembrou fala de Lula recentemente. Na ocasião, o petista disse que traficantes são vítimas de usuários – depois, ele se retratou e disse que a declaração foi “mal colocada”.