Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2021
Apesar de tentar uma blindagem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o presidente Jair Bolsonaro terá minoria no colegiado. Dos 11 titulares confirmados, apenas quatro são considerados aliados do Palácio do Planalto, dois fazem oposição e outros cinco atuam de forma independente, mudando de posição de acordo com seus interesses.
No grupo que vai investigar ações e omissões do governo federal na pandemia há sete parlamentares alvo da Justiça – quatro titulares e três suplentes. Dois deles são pais de governadores, que também estarão no foco da comissão.
A formação final da CPI foi oficializada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O governo ainda tenta influenciar a definição de postos-chave do colegiado, como a presidência, responsável por ditar o ritmo que a investigação deve avançar e o que será votado nas reuniões. Os senadores mais alinhados a Bolsonaro são Ciro Nogueira (Progressistas-PI), Marcos Rogério (DEM-RO), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Jorginho Mello (PL-SC).
Seis dos 11 senadores titulares da CPI se reuniram na tarde desta sexta-feira (16) e fecharam posição a favor do acordo pelo qual Omar Aziz (PSD-AM) será o presidente da comissão; o autor do requerimento de criação da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), será o vice; e Renan Calheiros (MDB-AL), o relator.
Derrotado na eleição para presidir o Senado em 2019, o emedebista tenta retomar o protagonismo após ser alvejado pela Operação Lava-Jato. Ele ainda responde a nove ações relacionadas à força-tarefa.
O senador também é pai de Renan Filho (MDB), governador de Alagoas e um dos possíveis alvos da CPI. Após pressão de Bolsonaro, o Senado decidiu ampliar o escopo da comissão para investigar também os repasses de verbas federais a Estados e municípios relacionados ao enfrentamento da pandemia.
Outro possível investigado pela CPI é o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que chegou a ser alvo de uma operação da PF relacionada a desvios na saúde em setembro do ano passado. Na comissão no Senado, o seu pai, Jader Barbalho (MDB-PA), estará entre os “investigadores”. O senador paraense é suplente no colegiado e, a exemplo de Renan, também responde a ações na Justiça por corrupção e lavagem de dinheiro.
No grupo que vai apurar as irregularidades na pandemia, Braga e Ciro respondem a processos pelos mesmos crimes, enquanto o tucano Izalci Lucas é alvo de ação por peculato, Zequinha Marinho por vantagem indevida e Omar Aziz por uso irregular de verba pública quando governou o Amazonas.
Dos 18 titulares e suplentes, não há nenhuma mulher. A líder da bancada feminina do Congresso, senadora Simone Tebet (MDB-MS), minimizou o fato de a CPI ser formada apenas por homens. Ela citou que três senadoras são líderes dos blocos que indicaram os membros e, portanto, foram responsáveis pelas indicações. “Infelizmente, foi uma coincidência de indicações. A bancada feminina não tem direito à participação de blocos de CPI”, disse Tebet.
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A composição que se desenhou após definição da maioria das bancadas não agradou ao governo, que esperava uma maioria mais amigável. Com isso, a estratégia do Executivo é adiar ao máximo o funcionamento da CPI, condicionando as reuniões ao retorno dos trabalhos presenciais e à vacinação dos senadores e funcionários, sem data para ocorrer.
Os trabalhos da CPI só devem começar após o feriado de Tiradentes, na próxima quarta-feira (21). O motivo é a convocação de sessões do Congresso Nacional, anunciadas por Rodrigo Pacheco, para a semana que vem. No formato virtual, as reuniões têm tomado o dia inteiro, o que impede qualquer comissão de funcionar no mesmo período.