Economia Governo federal dá prazo de dois dias para Hurb, ex-Hotel Urbano, comprovar que consegue honrar pacotes de viagens
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2023
Além de ter aberto uma investigação contra o Hurb (antigo Hotel Urbano), pelo crescimento no número de reclamações de clientes da plataforma, o governo federal deu 48 horas para a empresa comprovar que consegue honrar os pacotes de viagens que tem vendido.
A medida cautelar exige que a empresa apresente “esclarecimentos sobre a sua situação econômica e financeira e sobre a previsão de recursos para execução contratual de novos pacotes de viagens ofertados” e impõe multa de R$ 50 mil por dia se a empresa descumpri-la.
A determinação foi feita pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O despacho é assinado pelo secretário Wadih Damous e foi publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (28).
Damous afirma que “as evidências reunidas sugerem que a empresa Hurb Technologies S.A. (Hotel Urbano – Hurb) desencadeou um agressivo processo de capitalização ao longo do período da pandemia (…) sem se preocupar em reunir condições efetivas ou lastro financeiro para cumprimento das suas obrigações contratuais correspondentes”.
Caso a investigação da Senacon comprove a suspeita, o secretário diz que “se confirmará que a empresa se beneficiou abusivamente das circunstâncias psicológicas e materiais adversas impostas aos consumidores” durante a pandemia, “em virtude da necessidade de isolamento social, contexto no qual a contratação de pacotes de viagem se associa fortemente à esperança da conquista de um futuro menos agreste, num dos momentos de maior dificuldade na experiência recente da humanidade”.
Questionada sobre a investigação, o Hurb disse que “tudo será esclarecido perante o Ministério da Justiça”, mas que não comentava processos e/ou ações em andamento. Afirmou também que se responsabilizava integralmente pela jornada de seus clientes, desde a procura por um destino até a viagem e o retorno para casa, e que “sempre prezou pela escuta ativa e cuidado com os consumidores”.
Entenda o caso
O Hurb tem sofrido com problemas em série nos últimos meses, mas a crise se intensificou nesta semana: o CEO João Ricardo Mendes renunciou ao cargo, após expor dados confidenciais de um cliente e gravar um vídeo xingando-o, e a Senacon abriu uma investigação devido às reclamações de clientes.
A empresa foi criada há 12 anos, inicialmente com o nome Hotel Urbano, e se tornou uma das maiores agências de viagens on-line do País. Ela foi fundada por João Mendes, que renunciou ao cargo de CEO, e seu irmão, José Eduardo Mendes.
O sucesso do site ocorreu devido às parcerias com hotéis e companhias aéreas que permitiam à empresa vender pacotes de viagens, hospedagens e passagens a preços acessíveis. Mas, assim como o setor de turismo como um todo, a empresa sofreu com a pandemia e as restrições de circulação de pessoas.
A companhia vendeu pacotes de viagem com datas flexíveis durante a pandemia, válidos por até dois anos, mas agora está enfrentando dificuldades para honrar os contratos. Ela então passou a atrasar o pagamento de parceiros, como hotéis e resorts, e acumular queixas de clientes, que não conseguem viajar ou enfrentavam problemas durante suas viagens.
Reclamações
Milhares de pessoas têm registrando queixas contra a empresa no site consumidor.gov.br e em Procons de todo o país, além da plataformas como o Reclame Aqui, nos útlimos meses. As principais são:
Foram mais de 7 mil reclamações só no primeiro trimestre no site consumidor.gov.br, contra 12 mil em todo o ano passado, segundo a Senacon. Além disso, o índice de solução da empresa caiu de 64% em 2022 para 50% em 2023.
No Reclame Aqui foram 29.468 queixas nos últimos 6 meses (entre 1º de outubro de 2022 e 31 de março de 2023). Segundo a plataforma, a empresa teve 55,5% de índice de solução, a nota dos consumidores foi de 4,23 e a reputação do Hurb caiu de boa para ruim.
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